Um líder intencional não está preocupado apenas com a reunião da semana ou o resultado do trimestre. Ele faz escolhas conscientes (VioletaStoimenova/Getty Images)
CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 10h00.
Liderança intencional. O termo parece novo, e cada vez mais, vem sendo discutido nas pautas de Gestão e Pessoas. Mas na prática trata-se de algo simples e até de certa forma, antigo.
Liderar com consciência e propósito, em vez de apenas reagir ao que aparece na agenda.
Um líder intencional não está preocupado apenas com a reunião da semana ou o resultado do trimestre. Ele faz escolhas conscientes sobre o impacto que quer deixar nas pessoas, na empresa e na sociedade.
Ele faz mesmo que isso leve mais tempo, custe mais caro, ou não traga tanto o imediatismo do trimestre.
Temos visto o quanto empresas com valores fortes, intencionalidade forte e consequentemente, uma cultura forte, se destacarem muito mais pela sua longevidade e consistência de resultados, do que aquelas empresas muitas vezes meteóricas, mas sem continuidade, sem longo prazo.
Na minha trajetória, vi que decisões intencionais podem assumir diferentes formas.
Tive recentemente a oportunidade de ouvir de perto, histórias como a da Dengo, que tem como sua missão principal, melhorar a vida do produtor de Cacau e Castanha, localizados principalmente na Bahia e Pará. Todo o resto, vem para se encaixar nessa missão.
Não parece ser o mais “óbvio” a se fazer se pensarmos a curto prazo, mas faz todo sentido quando olhamos o impacto no mundo e na sociedade.
Da mesma forma, quando criamos um programa de mentoria entre CEOs no YPO (Young Presidents Organization), com mais de 250 CEOs envolvidos, a intenção era clara: multiplicar aprendizado e impacto entre pares.
Podem imaginar o quanto isso pode mudar a realidade das empresas, das pessoas e consequentemente da sociedade?
Na FESA, por exemplo, estabelecemos que nenhum colaborador CLT receberia menos do que dois salários mínimos como remuneração mensal.
A inspiração veio de um dado do IBGE: famílias que recebem abaixo de quatro salários mínimos estão em situação de risco social.
Se presumirmos que duas pessoas da casa trabalham, o mínimo para escapar da vulnerabilidade seria dois salários por pessoa.
A decisão foi bem aceita internamente porque nasceu de um raciocínio claro: dignidade também faz parte do propósito de uma empresa.
Dividi essa política com alguns amigos e uma meia dúzia deles, implementaram também em suas empresas. Ou seja, intencionalidade de mudar o outro, muito além das paredes do seu próprio escritório.
Sempre achei que liderar é seguir mais seu coração e seus valores, tendo os dados e os números como apoio. E não o inverso.
Não é simples. A pressão por resultados, pelo mercado em si, inovação, IA entre outros, faz nossa cabeça chegar a mil rotações por minuto. Mas convido a cada um de vocês a pensar mais sobre suas intencionalidades.
O ponto é que a liderança intencional exige parar, pensar e escolher, não apenas seguir a inércia. Como costumo dizer:
A liderança sem intenção é gestão de agenda. A liderança intencional é gestão de futuro.
E a pergunta que fica é: você está apenas tocando agenda, ou está construindo futuro?