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Gente & Gestão: você trata seu fornecedor como trata seu cliente? 

Na coluna deste mês, Carlos Guilherme Nosé faz uma provocação às empresas que valorizam cultura

“Tenho reparado que nesses últimos 10 anos essas relações têm se deteriorado” (FG Trade/Getty Images)

“Tenho reparado que nesses últimos 10 anos essas relações têm se deteriorado” (FG Trade/Getty Images)

Carlos Guilherme Nosé
Carlos Guilherme Nosé

CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola

Publicado em 24 de novembro de 2023 às 15h00.

Escrever que o mundo atual está baseado em um modelo de colaboração, com empresas trabalhando em rede e em modelos de ecossistemas interdependentes e sustentáveis, não é mais novidade. É uma realidade! 

Somos frequentemente bombardeados com afirmações como “Cultura organizacional não é o que está escrito na parede e sim os comportamentos das pessoas”, ou ainda “Liderar pelo exemplo” e a mais na moda ainda, “Aqui somos muito preocupados com nossos stakeholders (leia-se aqui, colaboradores, fornecedores, sociedade em torno)” ou “Valorizamos as relações humanas e que seja um ganha x ganha” e por aí vai.

Nessa linha, vou puxar esse texto para a sua relação (ou da sua empresa) com seus fornecedores. Ela se modernizou na mesma velocidade que o mercado mudou ou ainda não? Você pensa nos impactos de suas políticas ou exigências nas empresas parceiras? 

Mudanças negativas nas relações com fornecedores 

Tenho reparado que principalmente nesses últimos 10 anos, no frenesi de se cortar custos, gerar caixa, ganhar bônus, essas relações, em alguns casos, mas não na sua maioria, têm se deteriorado. Hoje achamos “normal” vendermos um produto ou prestarmos um serviço para uma empresa e nos depararmos no contrato: “emissão da fatura só até o dia 5 do mês subsequente e prazo de pagamento após 90 dias da emissão”. Mas e o serviço? Posso entregar nesse prazo? Óbvio que não! 

Me pergunto de onde vieram práticas como essas no Brasil, já que nos Estados Unidos e Europa a média é de 5 dias. Além disso, justificativas de que o “responsável por emitir o pedido está de férias” ou a famosa “deu problema no sistema, vamos ter que homologar tudo de novo” são abusivas e seriam cômicas se não fossem trágicas. Se por um lado o comprador do produto ou serviço, ganha em fluxo de caixa, o fornecedor se arrebenta para equilibrar suas contas. 

Cenário atual e pontos a desenvolver

Mesmo em um mundo caminhando para o modelo de ecossistema colaborativo, algumas empresas ainda vivem o capitalismo selvagem, olhando para seu próprio umbigo e ignorando as relações e o mundo.

Segundo um estudo recente da ONU, as pequenas e médias empresas no Brasil empregam mais de 80% da mão de obra formal do país e mais de 41% dessas empresas relatam ter problemas para acessar e viabilizar financiamentos para crescimento. Ou seja, operam com seu próprio capital de giro e geração de caixa. Impactante, não? 

Além disso, vejo diversas empresas aderindo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável promovido pelo Fórum Econômico Mundial. O 8º objetivo é: “orientar e acelerar políticas e ações para promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas as pessoas até 2030.” 

Quando pensamos em ESG, não é ter somente sustentabilidade econômica e social, é sustentabilidade das relações com todas as partes!

Portanto, minha provocação desse mês é: 

  • Você como líder, ou a liderança da sua empresa, de fato pratica o que escreve nos manuais e posts? Você trata seu fornecedor, como trata seu cliente? 
  • Ou você está pensando somente no seu KPI e como atingir sua meta de bônus? 

Como todo bom líder sabe, ninguém faz nada sozinho. A empresa não existe só por ter bons clientes e ótimos colaboradores. Ela também evolui tendo bons fornecedores. Já tinha refletido sobre isso? Atraia os melhores. Clientes, colaboradores e fornecedores, você não vai se arrepender, te garanto!   

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