(Miniseries/Getty Images)
CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola
Publicado em 9 de junho de 2025 às 10h00.
Por Carlos Guilherme Nosé, CEO da Fesa Group
Tenho uma experiência considerável em conviver com jovens, e uma coisa que posso dizer é que ser pai é uma aula diária de paciência e adaptação. Nessa trajetória aprendi que não se trata de apenas orientar ou proteger, mas de estar presente, de construir junto. É no vai e vem da rotina, entre as conversas improvisadas e os pedidos de ajuda mais inesperados, que a gente entende o real significado da colaboração. Jovens nos ensinam que colaborar é muito mais do que dividir tarefas. É entrar no universo do outro, abrir espaço para escuta e confiar no processo.
Foi esse pensamento que me levou a refletir sobre o que temos visto como tendência nas organizações. A liderança colaborativa está entre as principais transformações no mundo da gestão de pessoas, ao lado de temas importantíssimos como o foco em saúde mental e bem-estar, o investimento em tecnologia e a responsabilidade social.
Liderar, hoje mais do que nunca, é menos sobre saber todas as respostas e mais sobre fazer as perguntas certas. É saber quando recuar para que o time avance, quando escutar antes de agir e quando dividir responsabilidades em vez de centralizar. O velho modelo do líder herói, isolado no topo, perdeu espaço para uma liderança mais próxima, empática e conectada com a realidade das pessoas.
Outra coisa que eu sei é que essa transformação exige um nível alto de confiança, não é algo que muda do dia para noite. Confiança não é algo que se decreta, mas se constrói. Leva tempo, exige coerência entre discurso e prática, e nasce no cotidiano: nos pequenos gestos, na abertura para ouvir, no reconhecimento de que o outro também tem muito a ensinar. Pouco a pouco construindo um ambiente de colaboração genuína.
O líder colaborativo também precisa ter coragem. Coragem para abrir mão do controle excessivo, para acolher ideias diferentes das suas, para reconhecer limites e vulnerabilidades. Não se trata de perder protagonismo, mas de distribuir com as pessoas certas. E isso, quando bem feito, não enfraquece a liderança, fortalece.
Estamos num momento da sociedade em que as pessoas querem se sentir parte. Contribuir realmente com um propósito, ser um executor de tarefas já não basta. E quando encontram um ambiente onde podem fazer isso com liberdade e apoio, a transformação acontece. É aí que o engajamento cresce, que a inovação aparece e que os resultados vêm como consequência para a organização.
Liderar é, antes de tudo, um ato humano, uma das funções atuais que mais envolve o outro e suas particularidades. E, como todo ato humano, é imperfeito, exige presença e está em constante desenvolvimento. Colaborar, para mim, é o caminho mais potente e mais verdadeiro da liderança que precisamos construir.
Liderar é colaborar.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube