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Fundos de pensão e a gestão de riscos em um relacionamento de longo prazo

Como negócio de relacionamento contínuo com os clientes, fundos de pensão devem gerenciar todos os riscos envolvidos na operação

Áreas de riscos dos fundos de pensão precisam evoluir com o setor (primeimages/Getty Images)

Áreas de riscos dos fundos de pensão precisam evoluir com o setor (primeimages/Getty Images)

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Publicado em 20 de agosto de 2021 às 08h00.

Por Leonardo Moraes *  

Não há negócio com um relacionamento tão longo com o cliente como o de fundos de pensão. Uma entidade que gere planos de previdência, especialmente de grandes empresas, está habituada a se relacionar com seus clientes, a quem costumamos chamar de “nossos participantes”. Acompanhamos toda a trajetória profissional deles. Somos uma instituição à qual o participante confia o depósito mensal que, no futuro, contribuirá para a sua qualidade de vida e a de sua família.

Ao término de seu período como “ativo”, mais uma das nomenclaturas do nosso setor, é com a nossa empresa que o participante conta na sua aposentadoria. Até mesmo em sua falta, nosso relacionamento continua, desta vez com a sua família.

Dado tão longo período de contato e tão importante papel que exercemos, é dever de todos os fundos de pensão gerenciar da melhor forma possível todos os riscos envolvidos no negócio. E a lista não é pequena: riscos financeiros (mercado, crédito, liquidez), riscos atuariais (como as obrigações podem variar no futuro), riscos jurídicos/normativos e risco sistêmico são exemplos que lidamos diariamente.

O ano de 2021, quase uma extensão do ano de 2020 para todos nós, mostra o desafio que é a gestão de riscos nos fundos de pensão. Embora sejamos uma indústria de longo prazo e nossa visão esteja em garantir que tenhamos recursos suficientes para o pagamento das obrigações aos nossos clientes no futuro, somos cobrados anualmente por um retorno mínimo das nossas aplicações.

Assim, surge o primeiro desafio da gestão de riscos: com um olhar no longo prazo, ajudar os fundos de pensão a tomarem as melhores decisões no curto prazo, atendendo aos objetivos de ambos os horizontes.

Esse olhar envolve uma grande complexidade. Além das questões teóricas, como as modelagens envolvidas e a definição de indicadores e orçamentos (limites) de riscos, a área de gestão de riscos deve entender profundamente do negócio e ser extremamente ágil em suas análises, de forma a permitir a gestão também mais ágil dos investimentos nas empresas, cada vez mais necessária neste contexto de cobranças em curto e em longo prazos.

A evolução da função riscos nas entidades deve ocorrer, e rapidamente!

A área de gestão de riscos de um fundo de pensão deve garantir, proativamente, que a empresa identifique seus principais riscos em todos os seus processos. Deve também, a partir desse levantamento, de fontes externas e da percepção de stakeholders-chave, apoiar a definição dos riscos estratégicos da empresa e elaborar, com as áreas relacionadas, planos de ação para tratamento desses riscos.

É papel da área de gestão de riscos de um fundo de pensão acompanhar a execução dos planos de ação e, principalmente, manter a administração da empresa (diretoria e conselho) ciente dos principais riscos e do andamento das ações para seu tratamento. Para isso, é fundamental um relacionamento próximo e frequente com as outras áreas da empresa.

A área de gestão de riscos de um fundo de pensão deve apoiar a administração na tomada de decisão de assuntos estratégicos e precisa levantar o tradeoff normalmente existente entre as diversas decisões possíveis para um problema. Se expor a riscos faz parte do dia a dia de uma empresa, mas uma administração bem-informada é capaz de decidir a quais riscos tolera expor a empresa e a quais não tolera.

Na Petros, temos fortalecido a cultura de gestão de riscos, pois sabemos de sua importância estratégica para o aprimoramento da governança e da administração dos recursos investidos.

A evolução das áreas de riscos dos fundos de pensão é fundamental para o setor. Para isso, precisamos de profissionais que saibam mais do que estatística, finanças e programação. Precisamos daqueles que sejam curiosos, inquietos, questionadores, mas que saibam construir relações duradouras. É com esses profissionais que iremos trilhar nosso caminho de evolução.

*Leonardo Moraes é diretor de Riscos, Finanças e Tecnologia da Petros   

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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