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Foodtechs apostam em tecnologia para produzir alimento com “jeito caseiro”

Pesquisas mostram demanda cada vez maior por comida fresca, natural, saudável e, preferencialmente, à base de plantas

 (Tom Werner/Getty Images)

(Tom Werner/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 19 de março de 2021 às 12h24.

A pandemia do novo coronavírus provocou uma disrupção na percepção dos consumidores em relação a diversos assuntos, influenciando a forma como trabalhamos, comemos, bebemos e interagimos. Muitos tabus e paradigmas foram quebrados.

A preocupação com a saúde, por exemplo, ganhou força e continua sendo tema de grandes discussões até hoje – da importância do cuidado com a mente até uma boa alimentação.

O fato é: enganou-se quem achou que o trabalho remoto significaria trabalhar menos e ter mais tempo para si porque está em casa. Pelo contrário. O home office tirou diversos momentos importantes de socialização e cuidado pessoal.

Você não tem mais aquele bate-papo de cinco minutos entre uma planilha e outra com o colega. Não tem mais aquela pausa do cafezinho para colocar as notícias em dia com as pessoas. Você trabalha direto e, muitas vezes, até sem tempo para ir ao banheiro. Quem dirá para se dedicar ao preparo diário de uma refeição nutritiva.

Com a maioria da população em casa, e atreladas às questões citadas de cenário e de preocupação com a saúde, surgem algumas tendências que estão ajudando a impulsionar o crescimento da indústria de alimentos, especialmente o das FoodTechs brasileiras: a digitalização do setor, aliada à tecnologia, e à preferência do público por uma alimentação mais saudável, preferencialmente à base de plantas (plant-based).

Uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest com mais de mil pessoas, em parceria com a Galunion, consultoria especializada em food service, apontou que 75% dos consumidores gostam de comprar comida gostosa, fresca e que ajude a melhorar a imunidade. Porém, 90% deles estão evitando comer fora de casa e, mesmo preferindo cozinhar, 91% também disseram que reduziram as idas ao supermercado e estão optando pelos serviços de entrega.

Além disso, dados da norte-americana ADM, líder global em nutrição, revelou que 50% dos consumidores mostraram uma preferência por alimentos e bebidas saudáveis no último ano, ao mesmo tempo em que 31% afirmaram que já estão comprando mais itens customizados e sustentáveis, com foco na melhoria do sistema imunológico e na redução de impactos ambientais.

Mesmo com o aumento significativo dos aplicativos de delivery, o mesmo levantamento da ADM mostrou que apenas 17% dos consumidores consideram os alimentos entregues via aplicativos uma forma segura de se alimentar. E é em cima dessa mudança atual de comportamento que muitas FoodTechs focadas na produção de alimentos saudáveis e 100% naturais estão ganhando força e relevância.

Na Lucco Fit, por exemplo, apesar da crescente expansão desde 2017, com o faturamento sendo dobrado ano a ano, em fevereiro de 2021 a empresa vendeu 225% a mais se comparado com o mesmo período do ano passado.

Esses dados comprovam que, do ponto de vista de mercado, é preciso que as empresas ajustem suas práticas às novas demandas e entendam o novo ambiente decorrente das mudanças provocadas pela pandemia, focando no que é relevante para o público e para o cenário naquele momento.

A tecnologia voltada para a gastronomia torna o setor ainda mais inovador e disruptivo. Toda a cadeia de criação, produção e distribuição, por exemplo, apresenta dores que as FoodTechs conseguem resolver de uma forma escalável e sustentável.

Especificamente em Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos, a tecnologia torna possível criarmos produtos que apresentam o jeitinho caseiro e o frescor de comida que todo brasileiro gosta, sem remover o teor nutritivo dos alimentos. No momento atual, é nítido o quanto as pessoas estão buscando cuidar da saúde de maneira holística. E a boa alimentação é o elo que une o físico e o mental.

 

* Guilherme Romano é head de Pesquisa e Desenvolvimento da Lucco Fit

 

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