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Fernando Blower: caminho de volta no foodservice

Fantasma da inflação voltou a assombrar o setor e 83% acreditavam na ocasião que a inflação representava o maior desafio a ser enfrentado este ano

Compromisso com a população é a chave para o bem do setor (Sergio Moraes/Reuters)

Compromisso com a população é a chave para o bem do setor (Sergio Moraes/Reuters)

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Publicado em 27 de setembro de 2022 às 16h29.

Última atualização em 27 de setembro de 2022 às 16h43.

Após dois anos de perdas e incertezas, a chegada de 2022 era vista com otimismo para uma retomada da economia e uma rápida recuperação do setor de foodservice. O avanço da vacinação em todo o país fez com que o número de óbitos causados pela covid-19 caísse vertiginosamente e a população voltasse a sentir segurança em sair nas ruas com mais tranquilidade e sem máscaras. Com isso, o comércio, incluindo bares e restaurantes — um dos setores mais afetados na pandemia —, abriu as portas novamente, sem restrições de isolamento. Porém, apesar da retomada, nem mesmo a melhora dos índices e a flexibilidade das regras têm melhorado de maneira consistente o ambiente do setor.

Segundo pesquisa realizada em maio de 2022 pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), pela consultoria Galunion, especializada no mercado foodservice, e pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB), o fantasma da inflação voltou a assombrar o setor. Oitenta e três por cento acreditavam na ocasião que a inflação representava o maior desafio a ser enfrentado neste ano. Com o passar dos meses, o cenário provou que o receio dos empresários fazia sentido.

Enquanto produtos e serviços como combustíveis e energia elétrica passaram a ceder após um aumento explosivo, os preços da comida voltaram a ganhar força no Brasil. Sinal disso é que a inflação do grupo de alimentação e bebidas se aproximou novamente de 15% no acumulado de 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Até julho, a alta chegou a 14,72%, segundo dados divulgados em agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa era de 13,93% até o mês anterior.

Em meio ao cenário, os restaurantes mantiveram os valores das refeições abaixo da inflação. Apesar do lado mais vantajoso para o consumidor, as margens dos estabelecimentos ficam apertadas, já que muitos ainda estão comprometidos com passivos bancários e tributários, contratados ao longo da pandemia.

O setor de bares e restaurantes começa a projetar a situação do país para um novo ciclo, já em 2023, de maior estabilidade, com o controle como agora ou mesmo o fim da pandemia, e a partir do processo eleitoral de 2022. A ANR defende e seguirá defendendo em 2023 alguns pontos fundamentais que impactam o negócio do setor, como a redução da carga tributária, a realização de uma reforma tributária que desonere a folha de pagamentos dos funcionários, o estímulo ao crédito, em especial para pequenas empresas, e ao primeiro emprego no setor de alimentação e o aumento do teto do Simples Nacional.

Mediante a necessidade de que sejam colocadas em prática ações em diversas esferas, os governadores estaduais eleitos devem estar atentos em demandas importantes para a economia, bem como a redução de carga tributária (alíquotas de ICMS e substituições tributárias) e desburocratização para licenciamentos, como processos online e por autodeclaração.

Compromisso com a população é a chave para o bem do setor. Há esperança de uma melhora para o futuro e os líderes da nação devem estar alinhados com a população e as entidades especializadas em foodservice. Agilidade, integração, experiência e diversidade são alguns dos termos que devem permear os próximos de nossa jornada.

*Fernando Blower é diretor-executivo da ANR – Associação Nacional de Restaurantes

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