Apostas esportivas: PL deve atrair grandes players do setor 'tradicional' de meios de pagamento (krisanapong detraphiphat/Getty Images)
André Martins
Publicado em 26 de março de 2021 às 18h02.
Última atualização em 26 de março de 2021 às 18h52.
Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que o mercado de apostas esportivas no Brasil movimente de entre 4 bilhões e 9 bilhões de reais anualmente. Com dimensão e potencial expressivos, é de esperar que o mercado tenha legislação bem estabelecida. No entanto, a realidade é bem diferente. No Brasil, desde o século 19, o mercado de apostas esportivas ainda não possui regulamentação, e a expectativa é que o governo consiga chegar num consenso apenas em 2022.
Atualmente, há apenas duas leis que servem de guia para a atuação de players do mercado no território brasileiro. A primeira delas, a lei 3.688, conhecida como Lei de Contravenções Penais, foi criada em 1941 e impede a exploração ou estabelecimento de jogos de azar no país. Apesar de não dependerem de sorte, mas sim de conhecimento sobre o esporte, as apostas esportivas sofrem uma série de restrições em razão desta lei, criada há 80 anos.
Já a segunda, sancionada em dezembro de 2018, legalizou a ocorrência de apostas esportivas, desde que com quota fixa, ou seja, com predefinição de ganho em caso de sucesso na aposta. Apesar de representar um avanço, sites e apps de apostas esportivas ainda precisam ser hospedados em servidores no exterior para poder operar no Brasil e não podem ter escritórios por aqui.
Essa restrição já corresponde a uma enorme perda para o país. Com sedes no Brasil, essas empresas não só gerariam muitos empregos, como poderiam pagar impostos, o que é praticamente impossível sem um CNPJ. O próprio Palácio do Planalto estima que, com a regulamentação do mercado, seria possível arrecadar entre 4 bilhões e 10 bilhões de reais, sem contar a tributação sobre a atividade.
Porém, os pontos positivos não param por aí. Com uma legislação bem estabelecida, casas, sites e apps de apostas terão limites mais bem definidos de sua atuação, sobretudo do ponto de vista de interação com o usuário. Os investimentos em marketing e iniciativas de vendas, por exemplo, injetariam ainda mais recursos à economia.
Por fim, e o ponto mais relevante a ser mencionado, é a proteção do próprio apostador. Peso importante para a demora na criação de uma legislação é a má reputação do mercado, ainda muito associado ao vício. A regulamentação tiraria o mercado da obscuridade que ele se encontra hoje e facilitaria a quebra da visão negativa que afasta usuários e gera mau olhado a quem vê a atividade como uma forma de entretenimento — que de fato é.
Nesse sentido, a regulamentação representaria uma conquista para o mercado e um marco há muitos anos aguardado. O cenário, de fato, é positivo.
Apostas nunca deixarão de existir, sejam elas consideradas legais ou ilegais. A regulamentação seria apenas o meio de tornar a atividade mais segura e benéfica a seus diferentes componentes. Sejam eles o governo, sites, apps e casas de apostas ou os próprios apostadores, o processo representaria ganhos expressivos e o apoio de cada um é o meio de acelerarmos uma decisão.
* Carson Coffman é o fundador e CEO do Wanna, aplicativo para apostas esportivas
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