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Fabricantes de alto-falante esperam crescer com fim de antidumping

Para a Associação Nacional da Indústria da Música, a anulação do processo de antidumping é positiva

Comércio: Consumidores observam alto-falantes em loja da Casas Bahia em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

Comércio: Consumidores observam alto-falantes em loja da Casas Bahia em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

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Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 14h09.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 14h18.

Por Daniel Neves*

As mais de 300 fábricas de alto-falantes brasileiras realizaram nesta terça-feira, 22, o encerramento do pedido de revisão do antidumping nas importações de ímã de ferrite em formato de anel. O ferrite representa quase 30% do valor do alto-falante, dentro da composição do preço. O insumo, somado ao antidumping, equipara-se ao custo de um colaborador da empresa.

O Brasil está entre os quatro maiores fabricantes de alto-falantes do mundo. Para a Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima), a anulação do processo é positiva. Durante pouco mais de 25 anos, a indústria brasileira ficou refém de uma medida que beneficiava duas fábricas de ferrite. Entretanto, nos últimos dez anos, apenas uma indústria no Brasil foi beneficiada pela resolução antidumping contra os ferrites chineses.

Além de mais de 25 anos de antidumping salvaguardando a indústria nacional de ferrite, falamos da empregabilidade: a proteção comercial a uma empresa que emprega menos de 100 funcionários prejudica a liberdade de compra e competitividade de mais de 300 empresas instaladas no Brasil, que geram mais de 5 mil empregos diretos.

Fim à cultura pública de apoiar a sobretaxa de insumos

Como presidente de uma associação de fabricantes, é evidente que prezamos pela indústria doméstica. Entretanto, para a renovação de uma medida antidumping do ímã de ferrite, que estava vigente já há 25 anos, há de se valer a autenticidade das provas de dano da peticionária, o que não houve.

O país precisa andar na direção da competitividade de seus produtos acabados e valor agregado, facilitando a aquisição dos insumos com melhores custos. No caso da renovação do antidumping do ímã de ferrite, por meio de uma rigorosa defesa no campo do Interesse Público, a conclusão da Camex foi taxativa: a análise de mérito do pedido de revisão do antidumping foi prejudicada em razão da falta de confiabilidade nos dados reportados pela indústria doméstica peticionária.

Soma-se ainda que a Circular Secex n°16, de 25 de fevereiro de 2021, explicita que a importação de ferrite para o abastecimento das fábricas brasileiras não são causadoras de dano à indústria doméstica. A revisão foi finalizada sem julgamento de mérito, encerrando-se a vigência dos direitos antidumping aplicados sobre as importações brasileiras de ímãs de ferrite (cerâmicos) em formato de anel originárias da China.

Mas a luta não para por aí: o Brasil nunca deixará de ser um país de commodities se a cultura pública de apoiar a sobretaxa de insumos, produtos intermediários e matéria-prima permanecer vigente. PVC, resinas, metais, entre tantos outros materiais que estiveram e ainda estão em discussão necessitam estar à luz da decisão estratégica e de longo prazo por parte do governo.

*Daniel Neves é presidente da Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima)

 

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