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Exposições imersivas: arte ou apenas espaço para mostrar em redes sociais?

Exibições que exploram som, toque, luzes, imagens e interatividade ganham cada vez mais espaço – e público interessado em publicar fotos no Instagram ou vídeos no Tik Tok – no Brasil e no mundo

A nova moda é vivenciar os artistas (Divulgação/Divulgação)

A nova moda é vivenciar os artistas (Divulgação/Divulgação)

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Publicado em 9 de maio de 2023 às 15h00.

Por Danilo Vicente* 

Esqueça a disputa por espaço para tentar chegar perto da pequena tela da Mona Lisa no Museu do Louvre, em Paris. A moda agora é “vivenciar” a obra de artistas. E, sim, a Mona Lisa teve seu espaço na exposição imersiva de Leonardo Da Vinci realizada em São Paulo em 2021, ao lado de projeções, trilha sonora e até réplicas de invenções inspiradas nos projetos do mestre renascentista.   

Não, esse texto não é datado. A onda continua. Só este ano, ganharam a sua versão “viva a arte” de Michelangelo a Banksy, passando por Frida Kahlo, Van Gogh, Candido Portinari, Claude Monet e Picasso. E não se engane, não é só no Brasil o fervor por este tipo de exposição, que leva milhares de pessoas a experimentarem o trabalho artístico de personalidades conhecidas em todo o mundo em toda a potencialidade do entretenimento – não basta ver, é preciso sentir e, claro, poder tirar selfies. Há eventos similares de Nova Iorque a Paris.  

Também não é algo novo, mas o avanço da tecnologia, como projetores de alto alcance e telas interativas, permite experiências realmente imersivas e, por que não, marcantes. Daqui a alguns anos veremos crianças – e adultos também – contando como foi sua primeira interação com a obra desses artistas. Bem melhor do que um passeio escolar em um museu com obras que, na maioria das vezes, não atraem a atenção de visitantes ainda não acostumados ao mundo da arte. Mas quantos brasileiros nunca visitaram um museu? 

Em 2022, os 3.967 museus brasileiros receberam 26 milhões de visitantes, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que administra diretamente 30 deles e é responsável pelas melhorias nos museus brasileiros. São museus de belas artes, língua, ciências, história natural, antropologia, tecnologia e tudo o que diz respeito à atividade humana. Não é pouco, mas talvez seja um público mais seleto que vá a vários deles. 

Se exposições imersivas podem atuar como os “gibis” – o primeiro passo para os livros na infância – para despertar o interesse em arte, que venham mais exposições do tipo. Toda arte é válida. E toda expressão dela também, nem que o objetivo inicial seja mostrar fotos “instagramáveis” nas redes sociais.  

Se não gosta ou acha que não é arte, tudo bem, só não ir. Mas, para quem não tem dinheiro para viajar à Europa e ver de pessoalmente (de longe, diga-se de passagem) o sorriso mais misterioso do mundo da arte, ver a Monalisa sorrindo em diferentes versões com cores chamativas não deixa de ser uma experiência. Sim, é injusto comparar com a obra original, mas talvez seja ainda melhor na opinião de muita gente. Que o digam as filas e o sucesso estrondoso dessas exposições no Brasil. 

*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação 

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