Estudo contou com mais de 100 lideranças de diversos setores (Getty Images/Divulgação)
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Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 13h00.
Por Aline Sun, Daniela Sayão e Patricia Terpins, sócias-fundadoras da Boost Content.
A preocupação com o desenvolvimento de competências é uma tendência global. No último Fórum Econômico Mundial, um dos temas centrais foi a lacuna de habilidades como maior obstáculo para a adaptação das empresas às transformações no mundo. Para 63% dos empregadores, essa deficiência é a principal barreira para evitar a obsolescência operacional. Embora as competências tecnológicas estejam entre as mais demandadas, habilidades humanas como pensamento analítico, resiliência, liderança e colaboração seguem sendo essenciais para o futuro do trabalho.
Para entender melhor o cenário brasileiro, realizamos um estudo com mais de 100 lideranças de diversos setores, utilizando a metodologia DNA Inovador (que avalia cinco habilidades-chave para a inovação: questionar, observar, associar, experimentar e networking). Os resultados mostraram que o networking é a competência mais forte entre essas lideranças, seguido pela capacidade de observar e associar. Por outro lado, as habilidades de experimentar e questionar ainda precisam ser mais desenvolvidas, indicando a necessidade de programas que incentivem essas práticas.
Além disso, 50% desses profissionais entrevistados destacaram a observação como sua principal habilidade, enquanto 40% apontaram a associação. Associar é uma das competências mais relevantes do DNA Inovador, pois une criatividade e estratégia. E a capacidade de conectar conceitos aparentemente distintos permite que líderes transformem ideias em valor tangível para suas indústrias. Mais do que apenas estabelecer relações entre ideias, trata-se de traduzir essas conexões em estratégias concretas e impacto real.
As habilidades de questionar e experimentar foram mencionadas por 35% e 25% dos entrevistados, respectivamente. É possível identificar que a baixa adesão ao questionamento pode estar relacionada à cultura organizacional e à aversão ao risco, por exemplo. Em muitas empresas, questionar processos pode ser visto como um desafio à hierarquia, desestimulando os profissionais a se posicionarem. Além disso, ambientes que priorizam eficiência imediata em detrimento da reflexão crítica tendem a limitar essa prática.
A experimentação, por sua vez, exige sair da zona de conforto, testar novas ideias e aceitar possíveis erros como parte do aprendizado. Nem todas as organizações incentivam essa mentalidade, pois muitas ainda priorizam eficiência a curto prazo. No entanto, experimentar é essencial para descobrir soluções inovadoras, validar hipóteses e criar diferenciais competitivos.
Uma forma de estimular essa habilidade, por exemplo, é a participação em festivais de inovação, que oferecem um ambiente seguro para testar novas ideias, aprender com especialistas e identificar tendências emergentes.
Com esses desafios e oportunidades no horizonte, especialistas ressaltam a necessidade de um olhar estratégico para o desenvolvimento de lideranças inovadoras. O aprimoramento de habilidades como associação, questionamento e experimentação pode ser determinante para que as empresas se mantenham competitivas em um cenário de transformações constantes. O caminho para a inovação passa por capacitação contínua, cultura organizacional aberta e o incentivo à experimentação, fatores essenciais para impulsionar o crescimento e a sustentabilidade dos negócios no longo prazo.
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