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ESG sem a voz do CEO é como Sinatra resfriado

Estudo inédito mostra que aumentou o valor de companhias que possuem presidentes à frente da agenda ESG, e caiu nas que não têm

Empresas que escalavam outros níveis hierárquicos para promover ESG não geraram valor. (Getty Images/Getty Images)

Empresas que escalavam outros níveis hierárquicos para promover ESG não geraram valor. (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 26 de agosto de 2021 às 08h00.

Por Renato Krausz*

De um tempo para cá, na mesma velocidade com que o vendaval ESG se espalhou pelo mundo, cristalizou-se a certeza de que sem o envolvimento direto da alta liderança corporativa na agenda de transformação, e sem o CEO no manche, a coisa não decola. Aí o risco de greenwashing é enorme.

ESG sem CEO é como Frank Sinatra resfriado — que, por sua vez, na brilhante analogia feita por Gay Talese há 55 anos, é como Picasso sem tinta ou Ferrari sem combustível.

Em pesquisa realizada no ano passado pela Mckinsey, 83% dos altos executivos e profissionais de investimento entrevistados afirmaram ter a expectativa de que os programas ESG contribuíssem para gerar mais valor aos acionistas.

E um estudo que acaba de sair do outro lado do mundo comprovou que, sim, esses programas aumentam o valor das companhias, mas desde que os CEOs estejam diretamente envolvidos.

O estudo foi encomendado pelo GPIF (Fundo de Investimento de Pensão do Governo do Japão), que é o maior fundo de pensão do planeta e se tornou líder mundial em investimento ESG.

O GPIF tem “somente” 248 compromissos relacionados ao ESG e, com base neles, o Instituto de Tecnologia de Tóquio descobriu que o valor das empresas em que o fundo investe aumentou justamente naquelas cujos CEOs mantinham um tetê-à-tetê constante com o GPIF sobre ESG. Já nas que escalavam outros níveis hierárquicos para promover o engajamento necessário, o valor caiu.

Para fazer uma avaliação justa das companhias, foi usado o Q Ratio, índice resultante da divisão do valor de mercado de uma empresa pelo custo de reposição dos ativos. Nas organizações em que o diálogo com CEOs era frequente, o índice aumentou em média 0,147. Nas outras, regrediu 0,48.

O estudo completo está no relatório anual de sustentabilidade do GPIF, divulgado na semana passada (aqui neste link, mas só em japonês) e foi tema de reportagem no site inglês Responsible Investor. E podemos classificá-lo de esclarecedor, mas não surpreendente. Quem já trabalhou com sustentabilidade no tempo em que o assunto vivia relegado a um departamento de baixo orçamento sem visibilidade no board sabe do que estou falando.

Não custa lembrar quais são os atributos em comum dos CEOs mais comprometidos com a agenda ESG, de acordo com um estudo feito no mundo todo pelo Pacto Global da ONU. Possuem pensamento multinível, incluem stakeholders na tomada de decisões, promovem ativação de longo prazo e investem em inovação disruptiva.

Você que é CEO já está fazendo tudo isso e liderando este assunto dentro de casa? Se não estiver, corra. O valor da sua empresa vai aumentar. Estão aí os japoneses que têm 1,67 trilhão de dólares em ativos sob gestão que não me deixam mentir.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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