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ESG: Seis inovações para deixar as cidades mais inteligentes

Connected Smart Cities premiou algumas soluções, como mobilidade urbana, gestão de merenda escolar e tratamento de resíduos hospitalares

Espaço de brincar instalado pela Erê Lab na Praça da Independência, em Paraisópolis, São Paulo (Erê Lab/Divulgação)

Espaço de brincar instalado pela Erê Lab na Praça da Independência, em Paraisópolis, São Paulo (Erê Lab/Divulgação)

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Publicado em 9 de setembro de 2021 às 08h00.

Por Renato Krausz*

Não é de hoje que são enormes nossos desafios para tornar mais sustentáveis as cidades e menos sofrida a vida de quem vive nelas. A pandemia de coronavírus e a saraivada de ESG jogaram um farol poderoso nisso tudo, e portanto é de se esperar que aumente também a atenção voltada a uma gama de empreendedores que dedicam o tempo e a poupança para encontrar soluções inovadoras que diminuam a aspereza dos centros urbanos.

São startups que brotam nos mais diversos cantos do país, unindo tecnologia e humanismo para resolver problemas de todos os tamanhos do nosso cotidiano.

Um bom termômetro desse movimento é o Prêmio Connected Smart Cities, organizado pela consultoria Neurônio Ativação de Negócios e Causas e pela Necta. A sétima edição aconteceu na última semana e vale muito a pena conhecer os vencedores. Vou falar brevemente sobre seis deles.

Entre os negócios que já estão em operação, o primeiro lugar foi para a Horus, empresa de Florianópolis que criou o Monitora, um sistema que usa satélites e drones para encontrar áreas de desmatamento ilegal ou ocupações não liberadas. A própria plataforma verifica no banco de dados do município se há autorização para as intervenções detectadas e avisa as autoridades para que tomem providências. A prefeitura de Floripa já usa o sistema desde 2019 e conseguiu antecipar o diagnóstico de irregularidades em até um ano, em comparação com os métodos tradicionais.

Em segundo lugar ficou a carioca Lemobs, que criou um programa de gestão da alimentação escolar. Com ele, as escolas economizam até 95% do tempo para realizar pedidos de merenda. O sistema é capaz de cruzar a oferta de produtores de agricultura familiar com a necessidade de cada escola. E o mais incrível: ele disponibiliza dados de cada aluno para ajudar a montar um cardápio para o ano inteiro. Informações sobre peso, altura e eventuais alergias das crianças estão lá. E a molecada pode avaliar a qualidade das refeições oferecidas. A cidade de Maricá (RJ) já adotou para 64 escolas, com 30 mil alunos.

Tecnologia, como se viu, é muito importante, mas não é tudo nessa vida. Prova disso é que o terceiro colocado nada tem a ver com bits e bytes. A Erê Lab, de São Paulo, é uma empresa que cria e instala mobiliário urbano para crianças brincarem. Esqueça o gira-gira, o trepa-trepa e o escorregador. São brinquedos muito mais interessantes. A Erê Lab nasceu em 2014, com um investimento de R$ 30 mil, e se mantém até hoje sem aportes externos, entregando em média 50 projetos por ano, sempre com uma triangulação que envolve a gestão pública, a iniciativa privada e as comunidades que recebem os espaços de brincar. Como afirma o fundador Roni Hirsch, “para conectar cidades inteligentes, não existe conexão melhor do que com a infância”.

Outra categoria do Connected Smart Cities é para premiar negócios pré-operacionais, empresas que já estão testando suas soluções, mas ainda não saíram de peito aberto para o mundo nem atingiram o breakeven.

Nessa categoria, o vencedor foi a Bumerangue Tecnologias Ambientais, de Porto Alegre, que criou uma metodologia para tratar os resíduos hospitalares dentro dos próprios hospitais, desafogando a logística urbana usada nessa atividade e, claro, os aterros. Toda a papelada vira papel higiênico para ser usado por pacientes e funcionários, o plástico vira sacos de lixo, os restos orgânicos são compostados para adubar os jardins ou a horta do prédio, e os resíduos contaminados são gaseificados e queimados numa caldeira para gerar vapor ao hospital, trazendo grande economia de energia. A empresa já tem projetos pilotos em implementação em dois grandes hospitais da capital gaúcha.

O uso massivo do transporte individual é sem dúvida algo que pode instalar o caos nas cidades. A startup On.i-bus, de Brasília, bolou um negócio chamado Mobilidade Coletiva sob Demanda, que conecta empresas de transporte coletivo com pessoas distintas que queiram ir de um mesmo lugar a outro. A plataforma capta as solicitações dos passageiros, agrupa os similares e só viabiliza a viagem após um número mínimo de ocupação do veículo. Na Grande Vitória, a empresa assumiu a gestão do programa Mão na Roda, em parceria com o serviço metropolitano, oferecendo duas mil viagens mensais a portadores de deficiência.

De Vitória da Conquista, na Bahia, a Ability Soluções criou um negócio que pode ajudar a dar fim aos devedores contumazes de impostos, que em geral são maus empresários cujo modelo de negócio baseado na sonegação esmaga a concorrência e prejudica toda a sociedade, pois compromete a arrecadação necessária para prestação de serviços públicos de qualidade. O DAE (Dívida Ativa Eficiente) é uma plataforma que ajuda as secretarias municipais de finanças a digitalizar toda a intrincada burocracia fiscal e a manter um contato mais próximo com os contribuintes, inclusive usando inteligência artificial para criar um score de crédito para cada um deles.

Esses seis negócios premiados têm tudo para alçar grandes voos. Todos sabemos que o dia a dia nas cidades está muito longe do ideal. Não é nada simples encontrar um meio de aplacar a ávida maneira de viver e consumir de uns e a carestia absoluta de outros. Por isso, não tenho dúvida de que os negócios que ajudem a tornar os pequenos municípios e as grandes metrópoles mais inteligentes, humanas e sustentáveis serão as empresas do futuro.

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