Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos (Brian Snyder/Reuters)
Juliana Estigarribia
Publicado em 8 de novembro de 2020 às 07h00.
Última atualização em 15 de abril de 2021 às 13h57.
Neste ano de 2020 brotaram dois botões de turbo para acelerar no planeta a transição para um mercado alicerçado em questões ambientais, sociais e de governança. O primeiro foi a pandemia de coronavírus, que escancarou diante de nós a clareza de que o próximo cataclismo mundial será muito pior, se não agirmos rápido. E o segundo acabou de ser pressionado com a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, após uma torturante apuração que impediu muita gente de dormir na última semana.
Agora não há mais dúvidas de que os EUA estarão do mesmo lado da Europa e da China – e dos principais fundos e gestoras do mundo – por mudanças regulatórias rumo a uma economia de baixo carbono. Para resumir numa linha, Biden defende incentivos para quem produz energia limpa e punições para quem agride o meio ambiente.
Obviamente a América Latina terá de se adaptar. A agenda de ESG avança a passos largos por aqui também, mas ainda encontra percalços. Um deles, na opinião de Brian Deese, ex-assessor de Barack Obama, é a falta de dados. Deese é hoje chefe global de investimento sustentável da maior gestora do mundo, a BlackRock.
No Fórum Virtual América Latina, realizado pela empresa no mês passado, ele afirmou que essa carência de informações gera dificuldade para as empresas latino-americanas demonstrarem suas ações de ESG aos investidores. De fato, é um problema mais forte nessas bandas, mas não é exclusivo nosso. Todos os países precisam evoluir na questão das métricas.
O Brasil tem enorme possibilidade de assumir protagonismo mundial nessa transição e virar uma potência verde. Temos uma invejável matriz energética, cuja boa parte da tecnologia é exportável. Temos a Amazônia, com potencial econômico imensurável, desde que a floresta permaneça de pé.
E temos o crescente avanço da eficiência – e, portanto, da sustentabilidade – na produção agrícola. A dificuldade a ser enfrentada é nossa crônica propensão a perder grandes oportunidades. Faz muito tempo que se diz que o Brasil é o país do futuro, talvez até mesmo antes de o poeta austríaco Stefan Zweig cunhar essa expressão. E nada do tal do futuro chegar. Agora é provável que estejamos diante da maior chance.
Não podemos perdê-la outra vez.
* Sócio-Diretor da Loures Comunicação
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