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ESG: Desenvolvimento humano retrocede no mundo

Documento do PNUD propõe políticas que se foquem em investimento, proteção e inovação para reverter processo

PNUD publicou seu Relatório de Desenvolvimento Humano (HumanBrainProject/Divulgação)

PNUD publicou seu Relatório de Desenvolvimento Humano (HumanBrainProject/Divulgação)

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Publicado em 13 de setembro de 2022 às 15h00.

O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) publicou na semana passada o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, que consolida a medição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – que mede a saúde, a educação e o padrão de vida de uma nação - em todo o planeta.

O documento foi intitulado “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação” e demonstra que temos muito o que avançar e até reconstruir: pela primeira vez, o valor do Índice de Desenvolvimento Humano mundial diminuiu por dois anos consecutivos, voltando aos níveis de 2016. Nem na crise financeira global de 2008/2009 houve retração no IDH global. A crise humanitária se agravou em diversas regiões, com América Latina, Caribe, África Subsaariana e Sul da Ásia particularmente atingidos.

Para o coordenador do PNUD, Achim Steiner, há uma característica que marca os resultados mapeados no relatório. “Os níveis de incerteza estão a aumentar e a interagir para perturbar as nossas vidas de formas sem precedentes. Já enfrentamos doenças, guerras e disrupções ambientais no passado. Mas a confluência das desestabilizadoras pressões planetárias com o crescimento das desigualdades, as profundas transformações sociais para aliviar essas pressões e a polarização generalizada apresentam fontes novas, complexas e interativas de incerteza para o mundo e para todos os que o habitam.”

Segundo o relatório, aspectos como o recuo democrático, conflitos armados, a pandemia, mudanças climáticas e seus efeitos cada vez mais frequentes e de maior impacto, aumento das desigualdades e mutação da ordem geopolítica interagem em um “complexo de incertezas” que aumenta a sensação de insegurança, como já mapeado no Relatório Especial sobre a Segurança Humana do PNUD, divulgado no início deste ano, segundo o qual seis em cada sete pessoas em todo o mundo se sentem inseguras sobre diversos aspetos das suas vidas, mesmo antes da pandemia de covid-19.

Como caminho para reverter a tendência e recuperar a trajetória de melhoria dos Índices de Desenvolvimento Humano, o autor do relatório, Pedro Conceição, afirma que é necessário dobrar o desenvolvimento humano e olhar além da melhoria da riqueza ou da saúde das pessoas. “Embora esses pontos continuem importantes, também é necessário proteger o planeta e fornecer às pessoas as ferramentas necessárias para se sentirem mais seguras, recuperar o controle sobre suas vidas e ter esperança no futuro.”

Para isso, o relatório propõe Políticas que se foquem nos Três Is (investment, insurance and innovation – investimento, proteção e inovação). Em Investimento, advoga alocação de recursos desde as energias renováveis até a preparação para pandemias e perigos naturais extremos, que poderá “aliviar as pressões planetárias e preparar as sociedades para melhor enfrentarem os choques globais”.

Em Proteção, a ideia é salvaguardar as pessoas das contingências de um mundo incerto. Para os autores, os investimentos em serviços universais básicos como a saúde e a educação também têm uma função seguradora. Por fim, a estratégia de Inovação deverá ser incentivada nas suas muitas formas – tecnológica, económica, cultural – com papel vital na resposta aos desafios incertos e desconhecidos que a humanidade enfrenta e enfrentará. “Apesar de a inovação ser um tema que diz respeito a toda a sociedade, aos governos compete a criação dos incentivos políticos certos para a inovação inclusiva, mas também tornarem-se parceiros ativos em todo o processo”, recomenda o relatório.

*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB

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