Entre as 500 empresas do índice S&P500, somente cerca de 170 estabeleceram metas ambiciosas (Thinckstock/Thinkstock)
Isabela Rovaroto
Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 13h19.
Última atualização em 15 de abril de 2021 às 14h02.
Reduzir emissões de gases de efeito estufa não é tarefa das mais fáceis. Em primeiro lugar, uma grande empresa precisa saber qual é a quantidade de dióxido de carbono que está sendo expelida para a atmosfera sob sua responsabilidade.
Depois, deve encontrar meios de substituir energia suja por outras mais limpas, sem interromper a produção. E, por fim, contratar empresas distintas que possam limpar a sua barra a partir do momento em que ela sozinha não consiga avançar mais. Essas outras companhias irão remover carbono do ar em nome daquela que as contratou.
Se a empresa quiser estender o processo a toda sua cadeia, ou seja, diminuir as emissões de seus fornecedores e clientes (o chamado Escopo 3), a tarefa fica ainda mais complicada. Mas nunca foi tão premente.
Boa parte dos compromissos já firmados até aqui não passa de palavras ao vento. Outros não são suficientes para conter o aquecimento global dentro dos objetivos estabelecidos para 2030 e 2050.
Entre as 500 empresas do índice S&P500, somente cerca de 170 estabeleceram metas ambiciosas. Outras 215 não estipularam coisa nenhuma. E as restantes traçaram alvos franzinos.
A revelação está em reportagem publicada na última segunda (22) pelo New York Times, a partir de uma análise da Institutional Shareholder Services (ISS), uma empresa que orienta investidores a votar com mais consciência nas eleições de diretoria.
A área de ESG da ISS estimou que, se as metas parrudas não forem definidas logo, as empresas da S&P500 chegarão a 2050 emitindo nada menos do que o triplo de gases que deveriam emitir.
Se é possível falar em boa notícia, as organizações que já instituíram metas mais ousadas têm colhido bons resultados. O NYT cita um relatório da Science Based Targets segundo o qual 338 grandes empresas ao redor do mundo reduziram juntas 25% das suas emissões entre 2015 e 2019.
A pressão vai aumentar. Na semana passada, a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, soltou um aviso dizendo que poderá votar contra executivos que façam pouco caso dos riscos climáticos nas empresas em que atuam.
Disse também esperar que as companhias, todas elas, calculem e divulguem o tamanho de suas emissões e definam metas claras de curto, médio e longo prazo para se alinharem ao Acordo de Paris. O objetivo da BlackRock é um mundo corporativo de carbono neutro em 2050.
Não é sonho. É uma necessidade. Inadiável.
*Sócio-diretor da Loures Comunicação
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