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Com educação, agronegócio pode acelerar modernização causando impacto social positivo

Graças a parceria entre prefeitura e fazenda, crianças e adolescentes estão tendo a oportunidade de estudar e construir carreiras

Alunos da Escola Palotina - Fazenda Boca do Acre  (Escola Palotina/Divulgação)

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Publicado em 22 de julho de 2025 às 07h00.

Última atualização em 22 de julho de 2025 às 09h57.

Enquanto a taxa de analfabetismo nas áreas urbanas do Brasil é de apenas 5%, nas áreas rurais o IBGE relata volume de até 18%. Entre 2002 e 2022 mais de 106 mil escolas rurais foram fechadas – a maioria por falta de investimentos em infraestrutura. 

Responsável por empregar mais de 26% da força de trabalho brasileira, o agronegócio vivê um cenário de constante modernização, que exige investimentos em mão de obra qualificada. Se o setor puder qualificar seus futuros profissionais, poderá suprir suas necessidades ao mesmo tempo que causa impacto social relevante.

“É um ciclo virtuoso: educação gera qualificação, qualificação fortalece o agro, e o agro transforma o interior”, diz Sidney Sanchez Zamora, pecuarista que resolveu colocar a teoria em prática criando uma escola para quem mora no entorno de sua fazenda em Boca do Acre, no interior do Amazonas.

Escola rural garante futuro das crianças no campo

A Escola Palotina abriu em 2010 e começou atendendo 16 alunos do Ensino Fundamental 1. Seis anos depois, expandiu sua atuação para o Ensino Fundamental 2.

O projeto começou com o pai de Sidney, que buscou apoio da Prefeitura de Boca do Acre, mas não obteve recursos o suficiente. Ele decidiu a construir com investimento próprio e mais tarde a escola foi registrada no MEC e reconhecida pela Universidade Federal do Amazonas graças à professora Eureni Cunha dos Santos.

“Atualmente, a prefeitura e o Estado são parceiros essenciais no projeto. Temos uma relação de cooperação positiva, que possibilita o funcionamento da escola com qualidade e continuidade. Isso mostra que, quando o setor público e o privado caminham juntos, os resultados chegam onde mais importam: na vida das crianças”, diz Sidney

O trabalho de mais de uma década já rendeu frutos importantes: a maior parte dos alunos resolveu fazer o Ensino Médio ou ingressar em cursos técnicos. As famílias, antes distantes do universo escolar, passaram a valorizar a educação e a incentivar os estudos dos filhos. 

O agro precisa de educação e deve fomentá-la

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), até o final de 2025, o setor terá investido cerca de R$ 25,6 bilhões em tecnologia, um aumento de 21% em relação a 2024. Para Sidney, esse movimento é o principal motivador para o setor participar do desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

“O agronegócio pode, e deve, ser um dos principais motores. Quanto mais o setor crescer e se modernizar, mais ele vai exigir mão de obra qualificada, o que naturalmente estimula investimentos em educação e formação. Para acelerar esse processo, o governo poderia oferecer incentivos estratégicos, como apoio fiscal e suporte técnico às fazendas que mantêm escolas rurais ou internas. Já existem muitos exemplos isolados de sucesso — e, com incentivos governamentais, esse impacto pode se multiplicar”, comenta.

Segundo ele, o agronegócio já tem boas iniciativas na educação, mas pode melhorar com a valorização do campo como espaço de aprendizado para crianças e adolescentes que crescem no campo. 

“Se existisse maior incentivo para integrar o conhecimento da escola com a vivência do campo, a gente formaria jovens mais preparados, mais conscientes e com mais autoestima rural. Gente que vai permanecer no agro por escolha — e não por falta de opção”, diz Sidney.

Empatia e compromisso estão no cerne da iniciativa

Quando fala do que motivou ele e seu pai, Sidney conta sobre a responsabilidade social que a fazenda tem com seus funcionários.

“A motivação foi uma só: uma criança. Mais especificamente, o Ítalo, filho de um casal de funcionários que está com a gente há mais de 20 anos. Na época, não havia perspectiva de estudo para ele na região. Não foi marketing, não foi planejamento político — foi um ato genuíno de responsabilidade social”, diz Sidney.

“Aquela escola lá representou algo muito grande na minha vida. Foi lá que eu aprendi a ler, foi lá que eu me alfabetizei. Completei o ensino médio, entrei na faculdade, comecei a fazer Administração em Rio Branco, e também iniciei Ciência da Computação numa faculdade online. Hoje, trabalho como promotor de vendas em Rio Branco. E tudo só foi possível porque lá atrás eu tive acesso à educação — e esse acesso começou com a Escola Palotina”, conta Ítalo, que hoje tem 22 anos. 

Ítalo durante a infância, quando era aluno da Escola Palotina (Escola Palotina/Divulgação)

E sobre os resultados e impactos da escola, Sidney diz: “O mais impactante é saber que essas crianças têm uma oportunidade real. O caminho que elas escolherão no futuro é delas, mas o que importa é que elas podem escolher. Hoje, vemos jovens ativos, livres para sonhar. Esse é o nosso maior resultado: a certeza de estarmos fazendo a nossa parte e construindo um legado verdadeiro, com impacto real no futuro”.

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