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Entrevista as Mina!

Grupo FSB lança o "Guia de Fontes – Vozes Femininas", com mulheres especialistas nas mais diversas áreas do conhecimento

Guia ajuda a imprensa a aumentar a diversidade na cobertura diária (FSB/Divulgação)

Guia ajuda a imprensa a aumentar a diversidade na cobertura diária (FSB/Divulgação)

Renato Krausz
Renato Krausz

Sócio-diretor da Loures Consultoria - Colunista Bússola

Publicado em 1 de junho de 2023 às 17h30.

Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 17h43.

Ontem um colega aqui do escritório veio tirar onda porque me viu lendo jornal bem no meio da tarde, mas eu estava fazendo um teste desses que, embora sem rigor científico nenhum, são capazes de escancarar uma realidade que a gente encontra no dia a dia e pode passar despercebida aos mais desatentos.

O teste foi o seguinte: peguei aleatoriamente uma página de Economia de cada um dos três maiores jornais do Brasil e as li de cabo a rabo. Havia exatos dez entrevistados nas três páginas. Nove homens e uma mulher. Só uma mulher.

A culpa é da imprensa! É comum ouvir essa imputação para justificar uma miríade sem fim de mazelas nacionais, mas isso não está certo. O fato de as fontes (as pessoas que dão entrevistas) serem predominantemente masculinas não é culpa da imprensa. Ela de certa forma apenas espelha uma sociedade que é extremamente desigual em questões de gênero – assim como o é nas outras questões todas.

Porém os jornalistas podem ser agentes indutores da mudança, se fizerem um esforço genuíno de procurar fontes femininas para suas reportagens, e assim balancear melhor as páginas em que os homens hoje transbordam. Até mesmo em áreas nas quais a prevalência masculina é mais gritante, como política, infraestrutura e mercado financeiro, existem mulheres poderosas, capazes de falar com muita propriedade. Então vamos encontrá-las, caramba!

Muitos veículos já estão empenhados nisso. A Folha de S.Paulo possui um Guia de Fontes e até um algoritmo que aponta no fim do mês quantas fontes homens e quantas mulheres cada jornalista entrevistou para suas reportagens (licença para um parêntese pré-Cambriano: na época em que eu trabalhava lá, nos anos 1990, o algoritmo era uma caneta esferográfica e apontava apenas os erros de português nas páginas que eram pregadas nas paredes da Redação...).

Para ajudar nesse propósito de ampliar a presença feminina na cobertura da imprensa, o Grupo FSB lançou hoje o Guia de Fontes – Vozes Femininas, cuja primeira edição já nasce com mais com mais de 250 mulheres, de 135 empresas ou organizações diferentes, todas clientes das quatro agências de relações públicas do grupo: FSB Comunicação, Loures, Giusti e F5.

Como funciona o Guia?

Uma das idealizadoras do projeto foi a sócia-diretora da Giusti Maria Rita Teixeira e, segundo ela, ele só se tornou possível por contar com a dedicação de mais de 30 pessoas que encontraram tempo nas agendas insanas para fazer um trabalho e tanto. Essas pessoas fazem parte do grupo Aliadas, um dos quatro coletivos de afinidade do Programa Ação Diversidade, criado para desenvolver DEIP (diversidade, equidade, inclusão e pertencimento) aqui dentro das agências.

As mais de 250 fontes estão distribuídas por 34 diferentes áreas do conhecimento. Há um miniperfil de cada uma das porta-vozes e um ícone para o LinkedIn delas, além do e-mail de contato de atendimento para imprensa, o que facilita o agendamento de entrevistas. Quer falar com uma especialista em óleo e gás? O guia tem 13 delas. Sobre tecnologia da informação? Oito fontes. Questões jurídicas? Há 14 mulheres que podem ajudar na sua matéria.

Ontem, no lançamento, o grupo Aliadas promoveu um debate interno para os profissionais da FSB, com a presença das jornalistas Flavia Lima, da Folha de S.Paulo, Marina Filippe, da EXAME, e Jennifer Thomas, fundadora do portal Nosso Impacto. Elas falaram não apenas dos esforços próprios e de seus veículos para aumentar a diversidade como também da cobrança dos leitores quando não a encontram nas coberturas. Ou seja, é algo que todo mundo quer. Fontes, jornalistas, assessores, leitores. Precisamos acelerar isso.

O Guia de Fontes – Vozes Femininas, que passará por revisões periódicas para inclusão de novos nomes, é uma ferramenta potente para diminuir o machismo que parece ter sido borrifado no ar de um jeito muito difícil de desimpregnar. Todo mundo sabe que o caminho percorrido pelas mulheres para avançar na carreira tem mil vezes mais obstáculos que o dos homens. Mesmo quando chegam lá, muitas vezes elas se sentem sem voz. Precisam lutar com mais afinco para serem ouvidas – internamente nas organizações e também para fora delas. Então, tomo emprestado o brilhante slogan “Respeita as Mina”, criado para uma campanha da ONU em 2018, para conclamar o pessoal nas redações: entrevista as mina, gente!

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