Mais de 75% dos principais players de luxo agora usam materiais ecológicos (EcoAr/Divulgação)
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Publicado em 8 de setembro de 2023 às 11h00.
No setor de moda, grandes empresas, PMEs e startups apostam cada dia mais na sustentabilidade. De acordo com a plataforma global WGSN e compartilhado pela ABEST (Associação Brasileira de Estilistas), mais de 75% dos 50 principais players globais de luxo agora estão usando materiais ecológicos e 75% procuram reduzir embalagens, usar mais energia renovável e reduzir as emissões de carbono nos próximos anos. A tendência pode ser observada, principalmente, no número crescente de iniciativas e projetos voltados para a moda sustentável e inovação dentro do setor.
Este movimento é uma resposta aos novos padrões de compra do consumidor, que cada dia mais se importa com os conceitos de economia circular e preservação do meio ambiente. De acordo com um estudo da Ecglobal, 80% das dos consumidores se importam em consumir de forma consciente e sustentável. 90% deles dizem que esta prática pode fazer a diferença, pois minimiza os impactos ambientais causados pela humanidade.
Seguindo a tendência, ações como concursos e competições tem aumentado em frequencia. A intenção das empresas que tomam a iniciativa é estimular o desenvolvimento de soluções sustentáveis no setor. Um exemplo claro se encontra no Concurso EcoAR, que anunciou seus vencedores na semana passada. A iniciativa contou com o patrocínio e curadoria da Arezzo&Co, house of brands que reúne marcas, como Arezzo, Schutz, Anacapri, Vans, Alme e Alexandre Birman. Realizado pelo Ministério da Cultura, o concurso teve o objetivo de oferecer a estudantes, profissionais e demais interessados em sustentabilidade e moda, a possibilidade de apresentar soluções sustentáveis para os desafios desse mercado.
O concurso contou com 257 projetos inscritos em duas categorias: Produto, que conta com as subcategorias Matéria Prima e Processos, e Pós-Consumo, que se subdivide em Reaproveitamento de Materiais e Reinserção no processo produtivo. Quatro deles foram escolhidos e cada um ganhou R$ 10 mil reais. A banca contou também com a participação de Rony Meisler, CEO da AR&Co, Luanna Toniolo, CEO da TROC, plataforma de second hand, e Luiz Carlos Robinson, professor e consultor de sustentabilidade, também atuaram na avaliação dos projetos.
“É difícil encontrar soluções que atendam à necessidade da indústria e que sejam viáveis ao mesmo tempo, assim como alternativas para o desafio do pós-consumo da moda. Com o concurso, pudemos identificar ideias inovadoras que podem ser trabalhadas para ganhar escala”, afirma Suelen Joner, Head de Sustentabilidade e D&I da Arezzo&Co e curadora da premiação.
A Farfarm nasceu com a missão de buscar alternativas sustentáveis para transformar a indústria têxtil no Brasil, principalmente o algodão. A Farfarm criou a agrofloresta para abastecer o mercado têxtil de matérias-primas genuinamente ecológicas, apoiando pequenos produtores e gerando baixo impacto socioambiental. O objetivo é desenvolver uma cadeia de abastecimento de longo prazo que regenere o solo, previna o desmatamento e aumente a saúde e o bem-estar dos agricultores, e simultaneamente a resiliência econômica das comunidades vulneráveis.
A startup transforma parte da raiz da mandioca, considerada resíduo, em corante têxtil, o Maniocolor. O processo químico de tingimento é tido como um dos principais poluidores das águas do mundo, comprometendo 20% dos recursos hídricos do planeta, conforme dados do Banco Mundial. O conceito desenvolvido é fruto da observação dos modos tradicionais de processamento da mandioca pelos povos originários do Rio Negro, pois grande quantidade dessa casca é descartada na colheita.
O Banco de Resíduos Têxteis (BRT), criado pelo grupo de pesquisa Design, Sustentabilidade e Inovação (DeSIn), do departamento de Design da Universidade Estadual de Londrina (UEL), tem como objetivo dar a correta destinação a milhares de toneladas de resíduos têxteis descartados anualmente no aterro sanitário de Londrina, PR. A iniciativa é pioneira no Brasil e atua em três dimensões da sustentabilidade: a ambiental, com a redução desses impactos; a social, com a geração de trabalho e renda para a cooperativa de materiais recicláveis; e a econômica, a partir de um modelo de negócio para a economia circular. O sistema consiste no processamento dos resíduos industriais e dos de pós-consumo por meio de um maquinário especial, instalado em cooperativas, com capacidade de desfibrar 20 toneladas de resíduos por mês.
Criada em 2016, a empresa de vestuário Bruk Wear começou há dois anos a coletar materiais que perderam utilidade para dar a eles uma nova função, transformando-os em acessórios exclusivos e de tiragem limitada. Nessa experiência, a câmara de ar e o colchão inflável rasgados ou furados combinam-se com um cinto de carro e viram uma bolsa. O tecido do guarda-chuva e os retalhos de jeans ganham formas de chapéus. Para reduzir ainda mais os impactos ao meio ambiente, a empresa mineira utiliza água de reuso ou de chuva para higienizar os materiais que serão reaproveitados e depois cortados em máquinas especiais e costurados por uma pequena equipe local.
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