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Empreendedorismo social: moda ou solução de problemas reais?

Para prosperar, é preciso ter objetivos definidos e um panorama geral do segmento, que envolve sanar problemas sociais graves e relegados pelas autoridades públicas

No empreendedorismo social, não há receita que leve ao sucesso instantaneamente (Projeto Rio+/Divulgação)

No empreendedorismo social, não há receita que leve ao sucesso instantaneamente (Projeto Rio+/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2021 às 16h42.

Quando me reconheci como empreendedora social pela primeira vez, pude perceber o quão desafiador e exigente é criar algo e gerar impacto dentro de uma sociedade. A missão não é fácil. Afinal, captar recursos não é uma tarefa simples. Mas com apoio e aprendizado é possível criar um legado positivo.  

Com o passar dos anos, vejo cada vez mais pessoas se aventurando no universo do empreendedorismo social. Tenho observado um crescimento desmesurado de novas organizações iniciando esse processo de forma irregular, pensando primeiro em como captar recursos antes mesmo de entender qual é o papel deles na solução de problemas reais da sociedade. 

Muitas vezes me pego refletindo sobre essa situação, principalmente quando recebo dúvidas e leio comentários nas minhas redes sociais. Observo que esses empreendedores enfrentam uma escassez de conteúdo, sem objetivos definidos e sem um panorama geral deste segmento – que não é um negócio qualquer, já que envolve sanar problemas sociais graves e relegados pelas autoridades públicas. 

Sei, por outro lado, que não é um caminho fácil e não há uma receita que nos leve ao sucesso instantaneamente. Contudo, acredito que podemos minimizar os contratempos deste tão espinhoso percurso do empreendedorismo social. Seguem aí algumas recomendações: 

  • Comece pelo básico: o negócio deve ter uma causa genuína e verdadeira que esteja relacionada ao seu propósito. 
  • Resolva problemas reais: o negócio deve resolver problemas reais e atender as necessidades das pessoas relacionados à sua causa. 
  • O negócio precisa de bons profissionais: não traga pessoas de fora apenas como “solucionadoras de problema”. Observe se elas realmente estão atendendo a uma necessidade estratégica do negócio. 
  • Mantenha o foco da causa: cuidado para não se perder durante a sua jornada.
  • Cuidado com as situações de desigualdade: o foco do negócio social é apoiar o desenvolvimento das pessoas com a visão delas, e não na visão do empreendedor.
  • Credibilidade é fundamental: certificações, prêmios e reconhecimentos são aliados, mas não devem ser o objetivo do seu negócio. O seu maior reconhecimento é o impacto que seus projetos causam na sociedade. 
  • Atenção aos processos éticos: mesmo sendo pequena, a organização deve ter atenção para governança, processos e ética. 
  • Transparência é fundamental: auditoria é um diferencial, mas sabemos que nem sempre temos um orçamento para isso. Então, invista seu tempo na organização interna. 
  • Conselho estratégico: se possível, forme um conselho consultivo com pessoas externas, que orientem e ajudem na tomada de decisões estratégicas. 
  • Obter lucro: ter um modelo de negócios simultâneo é muito importante, pois diminui a dependência de doações e melhora a sustentabilidade da sua organização. 
  • Parcerias: criar parcerias com pessoas, empresas, instituições privadas e públicas engajadas na sua causa é importante para a relevância do seu negócio. 
  • Dados e pesquisas: buscar dados ou realizar pesquisas para se aprofundar sobre os problemas reais relacionados ao propósito do seu negócio é um diferencial. 
  • Funcionários motivados: ter um time engajado e alinhado com a causa é um diferencial importante.

Essas práticas possíveis e aplicáveis no dia a dia fazem com que o plano de negócio e a trilha para captar recursos melhorem. Consequentemente, a promoção da qualidade de vida gerada pelos negócios sociais prosperará cada vez mais.

*Ana Fontes é fundadora e presidente da Rede e do Instituto Rede Mulher Empreendedora

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