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Educação sobre blockchain é crucial para o Brasil seguir inovando

O conhecimento sobre tecnologias do gênero pode fazer a diferença no desenvolvimento nacional

A importância é melhor observada no setor financeiro (Getty Images/Reprodução)

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Publicado em 11 de agosto de 2023 às 15h32.

Última atualização em 11 de agosto de 2023 às 15h34.

Por André Salem

O setor financeiro é certamente uma das áreas que melhor traduzem as transformações tecnológicas ocorridas nos últimos anos. O Brasil é reconhecido globalmente como um polo de inovação bancária e financeira, advinda tanto das empresas, quanto do próprio meio governamental e vemos que o público nacional cada vez mais busca por esses elementos em seus hábitos de consumo. Por outro lado, essa vitalidade corre risco de perder impulso. 

Dados da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, divulgada no final de junho, mostram que o Brasil viu o orçamento destinado à tecnologia bancária crescer 289% nas últimas duas décadas. Esse investimento se traduziu em uma grande digitalização e em serviços mais ágeis. Atualmente, 8 em cada 10 transações bancárias no Brasil são digitais, incluindo o uso de aplicativos de mensagens como o WhatsApp e ferramentas de inteligência artificial.

O Brasil também é um terreno fértil para as fintechs, que entregam produtos e serviços que complementam e até chegam a disputar espaço com os grandes bancos. De acordo com um estudo da plataforma de inovação Distrito, são cerca de 1,3 mil startups que se enquadram na categoria de finanças, colocando o país  na décima quarta posição no ranking de ecossistemas de fintechs.

Além do setor privado, devemos também apontar os esforços do governo no sentido de dinamizar o sistema financeiro nacional e fomentar a inovação, englobando desde os grandes players do mercado às startups. O lançamento do PIX pelo Banco Central, em novembro de 2020, representa um importante passo nessa direção. Ao mesmo tempo, destacamos o Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT), programa do BC no qual pessoas e instituições de diferentes tamanhos desenvolvem soluções para o sistema financeiro nacional.

Dentre os meios pelos quais são desenvolvidos esses novos produtos e serviços, ressaltamos a tecnologia blockchain, que já caiu no gosto do próprio sistema financeiro. De caráter transparente e colaborativo, a blockchain consegue ao mesmo tempo dinamizar processos e garantir a segurança dos registros nela contidos, uma vez que a informação se torna pública e acessível para todos os integrantes da rede, dificultando alterações fraudulentas.

Educação como oportunidade e necessidade

Por outro lado, a preparação das empresas e do próprio mercado consumidor para lidar com essa demanda crescente por tecnologia, infelizmente, é como um calcanhar de Aquiles para a inovação no Brasil. 

Para começar, o déficit é estimado pelo setor de Tecnologia da Informação em pelo menos 40 mil profissionais por ano. Isso se reflete em um dado levantamento por um estudo que realizamos na Cryptum junto a representantes de empresas do setor financeiro: nada menos que 51% delas disseram não estar preparadas para adotar blockchain, um elemento que serve de termômetro da condição do mercado como um todo para dar novos passos adiante. 

Isso sem falar de outros gargalos identificados pela pesquisa, como o fato de que 67% dos respondentes disseram que suas empresas não fazem o suficiente para se preparar para tecnologia blockchain/Web3 por falta de conhecimento e treinamento sobre o assunto. O dado bate de frente com a série de evidências  já disponíveis no mercado que mostram como uma tecnologia como a blockchain pode contribuir para seus negócios.

Precisamos reconhecer, de fato, que há iniciativas tanto do poder público quanto do meio privado que visam formar quadros aptos a dar continuidade a esse movimento de inovação, como uma recém-lançada pós-graduação em Desenvolvimento Blockchain. Por outro lado, não podemos perder de vista que a dimensão continental do país demanda que tais movimentos, para ganharem escala, precisam ser replicados e inspirar outros, tanto no âmbito local quanto regional e nacional, e também em diferentes setores da sociedade, do empresarial ao educacional.

A tecnologia é uma ferramenta capaz de ajudar na correção de distorções em diversas áreas. Mas, para que essa premissa seja alcançada, é necessário haver um esforço coletivo ainda maior, envolvendo setor público e privado, para garantir que haja pessoas aptas a desenvolver produtos e serviços nessa direção, assim como usuários em condições para entender e se apropriar desses benefícios. 

A partir desse cenário, acreditamos fortemente que a educação para a tecnologia é a estrada a ser construída e mantida. As empresas e pessoas que decidirem investir nesse caminho certamente serão recompensadas.

*André Salem é CEO da Cryptum

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