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Educação financeira é assunto de criança, sim

O aprendizado deve começar na infância, e a melhor ferramenta para isso é o jornalismo infantojuvenil, especializado em levar as notícias para os jovens

Será que os jovens conseguem compreender o que é a inflação? (Getty Images/Getty Images)

Será que os jovens conseguem compreender o que é a inflação? (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 23 de maio de 2022 às 18h25.

Por Maria Carolina Cristianini* 

Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, a inflação oficial do Brasil, foi de 1,06%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número foi o maior para o mês desde 1996 — quando bateu em 1,26%. Vivemos uma época de alta nos preços, como os dos combustíveis e dos alimentos, consequências de diversos fatores, como a guerra na Ucrânia. 

O tema ronda o dia a dia dos adultos, inevitavelmente. Mas você já parou para pensar que essa realidade também se reflete no cotidiano das crianças? Afinal, além do que acontece próximo a elas, como as questões que envolvem o orçamento familiar, as crianças são parte integrante da sociedade, como qualquer outra pessoa em nosso país. 

Mas será que os jovens de sua convivência, como seus filhos, sobrinhos ou netos, conseguem compreender o que é a inflação? Ou têm a real percepção de que fatos que se passam em locais tão distantes, como a Ucrânia, geram impacto econômico em nosso país? Mora aí a importância do tema deste texto: a educação financeira na infância. 

As diversas crises enfrentadas na atualidade, em decorrência da pandemia de covid-19 e, mais recentemente, da guerra na Ucrânia, demonstram a necessidade de preparar os jovens para encarar desafios econômicos. Essa, aliás, é uma recomendação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): “A educação financeira deve começar na escola. As pessoas devem ser educadas sobre questões financeiras o mais cedo possível em suas vidas”, diz o documento “Recomendação sobre os Princípios e as Boas Práticas de Educação e Conscientização Financeira”, da entidade, publicado em 2005. 

Como ressalta a OCDE, o trabalho sobre o tema com estudantes, dentro da sala de aula, é fundamental nesse processo. Mas ele não precisa, e nem deve, estar restrito ao ambiente escolar. O mundo que rodeia a todos — crianças incluídas — oferece diversas oportunidades para que, passo a passo, os mais jovens passem a se informar sobre economia e finanças. Muito pode ser conquistado nesse caminho se crianças e adolescentes acompanharem o noticiário diário. 

A melhor ferramenta para isso é o jornalismo infantojuvenil, ou seja, especializado em levar as notícias para os jovens. Com linguagem adequada, contextualização e curadoria de temas, o noticiário pensado para essa faixa etária torna as crianças capazes de entender o que é inflação, como os juros atuam e de que forma os mais diversos eventos mundiais — sejam eles positivos ou negativos — influenciam nos preços de tudo que o que compramos. Além, é claro, de auxiliar na compressão sobre a forma como as famílias dessas crianças vai viver — ou conseguirá viver, dependendo da sua realidade. 

Notícias para crianças que falam sobre economia e finanças, ainda mais dentro de um jornal focado no público infantojuvenil, são uma bela ajuda para que pais e responsáveis levem o assunto para dentro de casa. O noticiário pode servir como um início de conversa para que a família explique os gastos que possui e encontre caminhos para economizar quando for necessário. Todo mundo sai ganhando. E, no futuro, teremos adultos muito melhor preparados para lidar com as finanças pessoais e com as interferências que os acontecimentos mundiais trazem para o dia a dia, onde quer que se esteja.  

*Maria Carolina Cristianini, editora-chefe do jornal Joca, para crianças e adolescentes, e Jornalista Amiga da Criança 

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