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“É necessário valorizar a opinião feminina nas grandes corporações”, diz diretora da Karpowership 

Em entrevista exclusiva, executiva fala sobre importância de medidas para aumentar a presença de mulheres em cargos de liderança no Brasil

Beyza Ozdemir, diretora regional de operações comerciais da América do Sul na Karpowership (Karpowership/Divulgação)

Beyza Ozdemir, diretora regional de operações comerciais da América do Sul na Karpowership (Karpowership/Divulgação)

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Publicado em 6 de março de 2024 às 08h00.

Última atualização em 6 de março de 2024 às 10h27.

Hoje as mulheres ocupam 39,1% dos cargos de liderança no Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria. 

A porcentagem representa um crescimento de apenas 3,4% em relação a 2013, 10 anos atrás.

Beyza Ozdemir quer acelerar este movimento e trabalha ativamente em projetos para avançar a presença das mulheres no ambiente corporativo

  • A sua empresa, a Karpowership, é um grande player no mercado de energia, possui a única frota de usinas flutuantes do mundo e conta com mais de 80% de gerentes e diretores mulheres.

Beyza está há 13 anos em posições de liderança na Karpowership e esteve envolvida em projetos que, juntos, geram mais de 6 GW de energia limpa. Hoje ela é diretora regional de operações comerciais da América do Sul. 

Nesta entrevista exclusiva para a Bússola, Beyza destaca a necessidade das mulheres persistirem no desenvolvimento profissional.

Como você analisa os cenários de inclusão feminina e diversidade no mercado corporativo? 

Beyza Ozdemir: cada país tem culturas e valores pessoais e corporativos diferentes. Grandes progressos foram feitos nos últimos anos em matéria de igualdade racial e de gênero. Isto é essencial para a inclusão e a diversidade nas empresas, especialmente no nosso setor. 

Muitos governos, sociedades e corporações estão trabalhando de forma integrada para que as mulheres conquistem mais espaço. As próximas gerações se preparam para viver em um mundo mais inclusivo e sinto que somos responsáveis por organizar todo o ambiente para que possam ter oportunidades no mercado nas próximas décadas.

No Brasil, existem grupos de líderes corporativos desenvolvendo mentorias para promover jovens talentos no mercado, principalmente mulheres que desejam iniciar suas carreiras em um setor dominado por homens. É necessário valorizar a participação das mulheres nas opiniões e ideias para planejamentos de negócios. Esta iniciativa é fundamental para construção de um ambiente corporativo mais inovador e diversificado. 

A chamada "síndrome do impostor" tem atingido muitas mulheres. A doença pode ser real – especialmente quando você ainda é relativamente jovem?

Beyza Ozdemir: as mulheres ainda passam por preconceitos inconscientes quando muitas vezes perdemos oportunidades porque o mercado acredita que não somos capazes de realizar tarefas difíceis e complexas devido aos desafios da nossa vida. Acredito que este é um fato que estamos superando a cada dia e conquistando cada vez mais espaço no setor de energia.

Naturalmente, quando percebemos até onde chegamos e tudo o que somos capazes, sempre surge a pergunta 'Será que sou mesmo tudo o que dizem?'. Cabe a nós entendermos que não somos apenas merecedoras, mas que todas temos o nosso valor, seja como mulher, como profissional, como mãe, como provedora, enfim. Internalizar nossos valores é a chave para nos livrarmos dos preconceitos.

O que ainda precisa ser melhorado na cultura das grandes empresas para que as mulheres tenham mais espaço para ideias e percepções?

Beyza Ozdemir: as empresas precisam ter políticas claras e bem definidas sobre a igualdade de gênero e ter iniciativas para que os homens possam compreender como ocorre o empoderamento das mulheres. Desta forma, será possível permitir que as colaboradoras possam desempenhar suas funções em um mundo mais plural e diversificado. Muitos homens lideram a indústria e não entendem as qualidades das mulheres para progredir profissionalmente.

As mulheres possuem alto poder de concentração, capacidade organizacional, buscam sempre trazer novas ideias para os negócios e criar um ambiente de discussão propício ao desenvolvimento de projetos e iniciativas, em muitos casos, inéditos.

Como você avalia os parâmetros ESG no setor de energia para o crescimento das mulheres no mercado?

Beyza Ozdemir: o ESG deve ser incorporado nas estratégias de negócios das empresas. A igualdade de gênero faz parte da identidade do ESG. Ou seja, muitos implementam a igualdade de género como critério para incluir empresas nos seus portfólios. É essencial que grupos específicos – como as mulheres – tenham programas para crescerem nas suas carreiras e ampliarem as suas perspectivas profissionais no curto prazo.

Devemos encorajar as jovens líderes para apresentar ideias que possam se tornar projetos concretos. Além disso, devemos incentivar o desenvolvimento profissional por meio de estudos e pesquisas, alinhados às melhores práticas globais de ESG, para que estas profissionais estejam preparadas para aprimorar suas competências e enfrentar novos desafios com conhecimento técnico e científico.

Para finalizar nossa entrevista, como você analisa os próximos passos das mulheres no caminho para ampliar o empoderamento feminino no mercado de energia?

Beyza Ozdemir: é fundamental que cada mulher tenha espaço para dialogar e expressar as suas ideias em um ambiente construtivo e inclusivo. As mulheres não devem ter medo de desafiar metas, alcançar novos parâmetros de negócio e indicar potenciais inovações na gestão de processos. Você precisa acreditar em você e conquistar seu espaço. Desta forma, muitas mulheres estão superando desafios e mudando a nossa indústria com talento, determinação e motivação. A mulher deve apoiar a mulher para o empoderamento feminino global.

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