"Chama a atenção que o produto em que essa situação é mais grave é o óleo diesel", afirma CEO da Nexus, que realizou o estudo (Elpidio Costa Junior/Getty Images)
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Publicado em 2 de maio de 2025 às 07h00.
Entre 2015 e 2024, a maioria dos 10 produtos mais importados pelo Brasil veio de apenas um ou dois países. No ano passado, 7 itens estavam nessa situação, sendo que 5 vieram dos Estados Unidos, país que lidera a concentração desses importados na última década.
Os dados são de estudo inédito da Nexus, com base em informações do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Para classificar os produtos mais importados, foi considerado o valor em dólares e não o volume de importações. O top 10 representa entre 8% e 22% do total de importações brasileiras anuais, a depender do ano. Em 2024, foram 16,6%. Todos itens com mais de 60% vindos de apenas um ou dois países foram considerados com alta concentração. Em todos os anos analisados, ao menos 6 itens estavam nessa situação. O indicador chegou a 9 nos anos de 2021 e 2022.
“O levantamento sugere um cenário em que eventuais mudanças nas tarifas de importação teriam um impacto significativo na balança comercial. Chama a atenção que o produto em que essa situação é mais grave é o óleo diesel, com amplo uso nas atividades produtivas e, portanto, alto impacto na economia brasileira e seus indicadores”, afirma o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski.
É dos Estados Unidos que vieram 85% de turborreatores e 66% de partes de turborreatores ou de turbopropulsores usados na construção de aeronaves. O país também foi fonte de 54,5% das naftas para petroquímica, líquido derivado do petróleo usado nessa indústria. Outros 19% vieram da Espanha.
Também 49% da hulha betuminosa comprada pelo Brasil, tipo de carvão que pode ser usado na indústria siderúrgica, química e na geração de energia, são americanos. Outros 37% vieram da Austrália. Os Estados Unidos também foram o 2º maior vendedor de diesel para os brasileiros, com 17%, atrás da Rússia, com 65%.
O levantamento da Nexus revela que os Estados Unidos são o país do qual o Brasil é mais dependente entre os itens mais importados em anos anteriores a 2024.
Até 2020, a China ficava em 2º lugar, chegando a ser fonte de 3 dos principais produtos em 2018: plataformas de perfuração ou de exploração, flutuantes ou submersíveis para indústria petroleira; partes para aparelhos receptores de radiodifusão e televisão e partes para aparelhos de telefonia/telegrafia. Porém, desde 2021, esses itens saíram da lista dos 10 mais importados.
Com isso, nos anos de 2022 e 2023, a Rússia assumiu a vice-liderança, concentrando a venda de 3 dos produtos mais comprados. Além de óleo diesel e naftas para petroquímica, o país vendeu para o Brasil cloretos de potássio e fosfato monoamônico, usados na produção de fertilizantes.
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