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Dividendos ou M&A: qual a melhor escolha para a aposentadoria do empreendedor?

Na reta final da jornada empreendedora, escolher entre extrair valor ou escalar o negócio exige clareza de estratégia, apetite a risco e governança firme

Fundador da Auddas discute os melhores caminhos para encerrar a carreira de empreendedor (pixelfit/Getty Images)

Fundador da Auddas discute os melhores caminhos para encerrar a carreira de empreendedor (pixelfit/Getty Images)

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Publicado em 8 de abril de 2025 às 15h00.

Por Marco França*

Cada vez mais, a longevidade e a busca por qualidade de vida entram nas discussões de bar de empreendedores e empreendedoras, aqui e lá fora. A missão de trabalhar até morrer para se sentir vivo mudou para trabalhar até os “60” e, depois, curtir bem a última etapa antes de nos encontrarmos com o Criador de todo o universo.

Logo, temos que, inevitavelmente, estabelecer uma discussão estratégica crucial: “maximizar dividendos para acionistas versus aumentar o valuation da empresa”. As rotas, os riscos e os esforços serão bastante distintos, assim como a coragem para decidir.

O caminho do valuation: mais risco, mais preparo, mais retorno

Os ingredientes e o conhecimento necessários à tomada de decisão são, de certo modo, idênticos: o mapeamento do momento dos sócios quanto à necessidade de liquidez, apetite ao risco e marco temporal; o entendimento profundo do modelo da operação e sua conexão com a margem e a geração de caixa; a análise setorial e o posicionamento estratégico – todos ingredientes que, combinados, trarão respostas para a decisão difícil e inevitável. Só não vale o empresariado querer os dois cenários ao mesmo tempo.

A formação de valuation normalmente vem associada à expectativa de maior benefício de longo prazo em detrimento do curto prazo, combinando maiores investimentos em time, novas ferramentas e tecnologias, expansões em outras geografias, compras de máquinas e equipamentos e aumento de giro para financiar e reter novas safras de clientes. Na prática, muitas empresas acabam fazendo uma “barriga” nos resultados contábeis e, principalmente, no caixa da empresa. Afinal, não conseguimos nunca mentir para o tal “caixa”, ainda que isso venha a gerar aumento de margem ou dominância comercial futura – metas legítimas para o sacrifício de agora. Tipicamente, esses sprints são de 5 a 7 anos, uma vez que sejam bem executados. A partir daí, a empresa consolida atributos que permitirão ser melhor percebida entre seus pares e clientes e, portanto, formar “preço”.

Estes casos culminam em empresas que são compradas por fundos de private equity e viram plataformas, são listadas em IPO ou são absorvidas por players estratégicos que se sintam ameaçados por elas e queiram pivotar seu negócio, ampliando o guarda-chuva atual de produtos ou serviços.

A rota dos dividendos: constância, governança e foco

O outro lado da questão é fazer a famosa estratégia do “milk the cow”, ou seja, maximizar os dividendos sem perder a competitividade. Neste caso, precisamos definir regras comerciais, roadmap de serviço, regras de engajamento que maximizem o retorno e, principalmente, saber dizer não para as oportunidades que aparecem e que tenham ciclos mais longos ou que necessitem desenvolver capacidades e atributos que ainda não possuímos. A definição do crescimento anual e da geração de caixa e, consequentemente, de dividendos será vital para que a estratégia do futuro aposentado seja eficiente. Por último e não menos importante, a governança corporativa tem que estar em dia. Não adiante nada gerar dividendos se não temos sucessores na gestão, regras claras, fóruns de decisão, papéis e responsabilidades bem definidos e disseminados em todos os níveis da organização. Se isso não acontecer, a aposentadoria será “de mentira”.

Boa sorte na discussão. Os “60” estão logo ali. Sua decisão começa agora.

*Marco França é sócio-fundador da Auddas, engenheiro pela PUC/RJ e possui MBA pela Coppead.

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