Inclusão: diversidade e valorização racial já são forças competitivas necessárias para empresas que desejam crescer e permanecer relevantes (Luis Alvarez/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 29 de setembro de 2020 às 08h00.
No dia 18 de setembro, o Magazine Luiza abriu seleção para vagas de trainee exclusivas para pessoas negras. E a internet ficou alvoroçada. Se, de um lado, pessoas aplaudiram a atitude inclusiva e afirmativa da companhia, do outro, vimos acusações de suposto ‘racismo reverso’ e denúncias ao Ministério Público do Trabalho (MPT), alegando que a empresa estava impedindo “pessoas que não tenham tom de pele desejado pela empresa” de participar do processo seletivo.
O MPT se pronunciou e indeferiu todas as denúncias, ressaltando que a iniciativa da empresa é legítima e configura ação afirmativa, além de “elemento de reparação história da exclusão da população negra do mercado de trabalho digno”. Esse episódio nos traz uma reflexão importante: estamos preparados para falar de diversidade e inclusão como uma premissa dentro de qualquer empresa?
Diversidade e valorização racial já são forças competitivas necessárias para empresas que desejam crescer e permanecer relevantes. Valorizar a diversidade não é apenas uma estratégia para trabalhar a marca empregadora, muito menos para fortalecer sua marca para o público externo. Ter pessoas diversas e heterogêneas é levar em conta diferentes vivências e perspectivas que refletem a sociedade brasileira e as pessoas com quem você quer falar. Equipes que possuem diferentes perfis trazem discussões mais ricas e conseguem alcançar resultados mais inovadores e relevantes para o mercado que atua.
A questão racial é extremamente importante, e também precisamos olhar para a inclusão em outros aspectos, como deficiência, orientação sexual, gênero, questões socioeconômicas, idade, entre outros. Algumas empresas já anunciaram que estão abandonando exigências e condicionalidades para seus programas de estágio e trainee, como falar um segundo idioma, limitação de idade dos profissionais e até necessidade de curso universitário.
A mudança está acontecendo e a sociedade vai cobrar posicionamentos cada vez mais coerentes das empresas. Precisamos olhar para a diversidade e inclusão para além das contratações, mas também na comunicação, nas campanhas publicitárias e na oferta de produtos e serviços. No Brasil, temos 45 milhões de pessoas com alguma deficiência e, ainda assim, apenas 5% dos sites brasileiros são adaptados para esse público. Sua empresa está olhando para essas questões?
Por isso, nossa curadoria de hoje traz uma seleção de matérias sobre o tema diversidade. Vamos trazer esse importante debate à mesa e movimentar o mercado e a indústria para um caminho cada vez mais inclusivo e acolhedor. Precisamos estar preparados para essa conversa. Já!
Boa leitura!
*Sócios-diretores da FSB Comunicação
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