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Dinheiro? Pra que dinheiro?

Como seria um mundo sem moeda, onde a miséria deixasse de existir e em que as doenças fossem erradicadas?

O que seria dos homens se não pudessem imaginar o inimaginável? (Bruno Domingos/Reuters)

O que seria dos homens se não pudessem imaginar o inimaginável? (Bruno Domingos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2021 às 19h45.

Por Fernando Barros*

Não sou economista. Sou curioso como todo publicitário. Para exercer essa função, somos obrigados a nos especializar em quase tudo. Tenho estado intrigado com a ordem mundial dos dinheiros. O mundo vem produzindo em série ricos e riquezas aos borbotões. Estamos cercados por novos e velhos ricos. Muita gente comprando tudo (e todos). Sobram recursos, faltam produtos e ideias. Não estou sendo exótico. Não desprezo a pobreza. Muitos precisam de socorro, e os donos do capital não o têm preferido ainda. Mas não vai demorar.

A extravagância pede limites. Tenho a sensação de que essa avalanche de criptomoedas, já derretendo aliás, não passa de cópias das conhecidas “pirâmides”, assim como as escalafobéticas compras digitais: NFTs; tokens não fungíveis certamente não valem os milhares de dólares ou criptos a eles atribuídos. São vulgares cópias de símbolos digitais, que prometem ser exclusivos e indevassáveis até que um hacker venha impiedosamente raspá-los e reproduzi-los aos milhares, só de sacanagem.

“Carteiras digitais” crescem e são divulgadas como coleções de pura arte.  Que arte? A própria essência do mundo digital é reproduzir à base de simples cliques tudo que entra e sai de suas máquinas, cada vez mais miniaturizados e baratos instrumentos atochados de – a essa altura velhos – bites. Morro de rir quando leio as barbaridades de compras clicadas!

Compra-se caro pagando em moedas ocas. Mas o que se passa na real? Excesso de dinheiro velho, moedas antigas que os bancos centrais dos grandes países esforçam-se em manter como referência mundial. Na verdade, o jogo e o trânsito de moedas transformaram-se num grande blefe. Mais ou menos na linha do antigo adágio do “eu finjo que lhe pago e você finge que recebe” (risos).

Creio, estamos próximos de “desinventar” a invenção dos fenícios e uma nova ordem econômica mundial surgirá.

As compras estratosféricas vão continuar existindo e contemplando os serviços ou bens desejados, mas parte disso pode ser creditado ao resgate social, promovendo a divisão das riquezas. Vejam que insight interessante: a lei que permite a compra e o uso particular de vacinas, por exemplo, obriga que metade dessas compras tenha destinação social.

Estendendo-se esse conceito para a erradicação da miséria, uma parte da compra extravagante seria arrestada ou, mais suavemente dizendo, transferida para grupos de ONGs ou fundos transferidores de bens para necessitados.

Uma organização de âmbito e classe mundial faria supervisão e gestão desses bens, não conversíveis em “dinheiro antigo”. Não haveria mais pobres nem famintos. Os ganhos individuais gastos com excedentes seriam trocados em parte por confortos e cuidados humanos em grande escala.

A Fundação Gates deveria deixar de ser apenas simples laboratório de invenção de descargas higiênicas e já fabricar e distribuir milhares delas pelo mundo. A produção de alimentos, por exemplo, seria, nessa nova ordem, suficiente para acabar com a fome. Grandes quantidades de grãos e produtos de alimentação seriam repassadas como uma espécie de imposto social sem conversão de dinheiro.

As doenças seriam erradicadas, a capacidade e a velocidade dos laboratórios seriam capazes de produzir alívio e proteção imediata contra quase todos os ataques ao corpo. Vejam: em menos de um ano, foi requentada, digo inventada, uma vacina que vai nos descansar do vírus da covid, que quase arrasa meio mundo. Foi só ajeitar a fórmula da já existente vacina H1N1. Vocês verão, muito brevemente, centenas de laboratórios produzindo vacinas em gotas, em pó, do jeito que quiserem.

Não há como guardar tanta grana. O homem virtualizou os símbolos que pagavam pela sua produção. Agora, fazem “games”, criam criptotudo.

Trata-se de megabolhas, assemelhadas àquelas “pirâmides” que enganam sabidos. Até os chineses, civilização-berço mais esperta e rica do Universo, está brincando de moedinhas criptos, preocupados com o fato de que o mundo fique inundado delas e eles fiquem fora da festa. Aliás, os chineses têm dormido pouco. Lastreiam quase tudo que sobra do que produzem em dólares. Fazem-no também porque os americanos são os maiores compradores de suas bugigangas (brincadeira). Os olhinhos deles, mesmo apertados, já os fazem donos da mais exuberante tecnologia do Universo; estão minerando em Marte. (Tomando posse do planeta vermelho.)

Vamos produzir ideias, para vender aos ricos do planeta. Ideias que satisfaçam seus vícios de consumo, de custos explosivos, como bolsas especiais, que podem custar até um milhão de dólares. Além dos impostos, um percentual desse estorvo iria para o superfundo de combate à pobreza e seria convertido em ações e bens, que seriam distribuídos aos abandonados pela sorte.

Todo esse pensamento pode ser delirante. Mas o que seria dos homens se não fossem capazes de imaginar o inimaginável?

Como tudo tem que ter um epílogo, um planeta novo, nascido da nova riqueza, seria um recomeço para a humanidade, voltando ou indo para novas aventuras.

*Fernando Barros é publicitário e presidente do Conselho da Propeg

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