Bússola

Um conteúdo Bússola

Design é sobre colaboração e ponto

A escolha por exclusivismo reduz o design a suas características meramente estéticas, também porque transforma a experiência em lugar de restrição

Cadeira de rodas (Minerva Studio/Thinkstock)

Cadeira de rodas (Minerva Studio/Thinkstock)

B

Bússola

Publicado em 4 de dezembro de 2021 às 12h04.

Última atualização em 4 de dezembro de 2021 às 12h58.

Poderia parar por aqui, soltar a afirmação do título no ar, deixá-la encontrar apoiadores e críticos, questionamentos. Mas é importante ir além, por tudo o que essa afirmação encerra em si e fora de si, ao encontrar as realidades e os contextos aos quais a aplicamos.

Um desses contextos é a nossa experiência coletiva como civilização. Acima de tudo, ela é composta pela relação entre experiências individuais. E a escolha de como operamos essa relação pode determinar o tipo de civilização que somos: multiplicamos para ser uma civilização plural, múltipla, inclusivista; ou dividimos, e insistimos nos equívocos que nos apartam, nos distanciam, nos torna uma sociedade exclusivista?

O caminho do exclusivismo é o que uma parte da sociedade brasileira está escolhendo seguir. E essa escolha reduz o design a suas características meramente estéticas, também porque transforma a experiência em lugar de restrição, de impossibilidade.

O exemplo mais gritante dessa indiferença ao design e à experiência está na (falta de) acessibilidade que generalizamos em todas as cidades brasileiras, em seus espaços públicos e privados. Qualquer pessoa com deficiência é testemunha diária de que o usuário não está colocado no centro das deliberações e das decisões econômicas, políticas e sociais.

E só a escuta e a pluralidade podem nos ajudar a construir empresas, cidades, civilizações enfim, que possam nos apresentar as experiências tão diversas — e contraditórias, até — que podem ser mediadas pelo design e pela perspectiva de usabilidade na vida real, na vida tecnológica, na nossa rotina individual e na rotina mediada com outros atores sociais.

Deveria ser mais simples do que realmente é.

Por falta de escuta e por excesso de exclusivismo e competitividade, estamos perdendo a chance de acelerar novas economias e o uso de serviços e espaços de forma satisfatória por diferentes identidades e individualidades que formam a tal experiência coletiva, única pois formada a partir da pluralidade, e não conformada.

É de individualidades que precisamos, e não de individualismos e egoísmos que ajudam a estruturar e normalizar exceções mais abrangentes que as regras, minorias que são maiorias, “destinos” ditados pelo gênero, pela etnia, pelo CEP.

Precisamos das experiências passadas dessas individualidades para pensar as experiências presentes e futuras de nossa sociedade, e seguir ou retomar a construção de cidades inteligentes, que sirvam e criem oportunidades a todos.

*Melina Alves é CEO e sócia-fundadora da DUXcoworkers.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Acompanhe tudo sobre:DesignDiversidade

Mais de Bússola

Como a inteligência artificial está transformando treinamentos corporativos

Varejista investe em formação dos colaboradores com plataforma de conteúdo diversificado

Setor de energia elétrica avança na redução de passivo histórico

Rede social ESG aposta no Rio Innovation Week para ampliar sua presença