Isabella Maluf Vasconcellos, fundadora da Hestia Ventures (Hestia/Divulgação)
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Publicado em 12 de maio de 2023 às 15h05.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 16h49.
Foi com o nome dessa divindade que Isabella Maluf Vasconcellos criou a Hestia Ventures, uma holding que investe em empresas cujos produtos colocam as necessidades da criança na primeira infância no centro do processo criativo. Foi durante sua própria licença-maternidade que Isabella se aprofundou no assunto da primeira infância e percebeu que, apesar de haver um verdadeiro mar de informações sobre o assunto, os produtos e serviços disponíveis não haviam evoluído na mesma velocidade.
Um mercado gigantesco, com mais de 18 milhões de crianças em primeira infância (abaixo dos 6 anos). Nascem 7,7 mil bebês por dia no Brasil, 3 milhões de nascimentos ao ano. “Esses são os únicos números que realmente importam – qualquer conta de tamanho de mercado começa aí. O tamanho do mercado como ele é medido hoje pode ser considerado para alguma eventual triangulação, mas acredito que esteja grosseiramente subestimado.”
A Hestia atua como desenvolvedora de negócios, em um conceito bastante parecido com Micro PE – o micro private equity. “Como esse segmento é pouco consolidado, especialmente quando se trata das empresas inovadoras, o enterprise value ainda é baixo [por qualquer métrica], e o investidor terá de entrar na operação para ajudar a sofisticar os processos e sistemas, além de ajudar abrir mercado”, afirma.
Essa indústria não tem sido priorizada pelos alocadores de capital, então esperamos que esses investimentos consigam alterar fundamentalmente o panorama das pequenas empresas e o ecossistema desse mercado. Em geral, as empresas têm product market fit alto e já vêm crescendo de forma orgânica (apesar de nem sempre rentável no primeiro momento).
Isabella conta que a criação da holding/desenvolvedora de negócios teve como sua maior motivação o respeito ao filho, Benjamin. “Ele é muito pequeno para advogar por si mesmo”, diz Isabella. “Queria que ele fosse respeitado nos ambientes que frequenta. O mundo foi desenhando para pessoas com no mínimo 150 cm – ninguém considera que a altura média de uma criança de 6 anos é 130 cm. Ou que as roupas que comprasse considerassem o desenvolvimento motor grosso e fino ainda sendo aperfeiçoado, com tecidos e fecho que levassem em consideração o que o corpo e a cabeça dele conseguem executar.”
O ramo de alimentação tem um lugar especial no coração de Isabella, que passou a maior parte da carreira fazendo estratégia comercial a empresas de bens de consumo alimentar nos EUA. A leitura do livro “Inventing Baby Food – Taste, Health and the Industrialization of the American Diet” da escritora Amy Bentley (numa tradução para o português, Isabella comprou os direitos), foi especialmente importante para a formação da tese. “Entender a história da introdução alimentar, e como por muitos anos a recomendação foi por métodos e produtos com quase nenhum embasamento biológico, fisiológico, cultural ou social é enlouquecedor”, diz.
Hoje, um dos negócios investidos, a empresa de ultracongelados Papai que Fez, chega a comercializar 1 tonelada de alimentos por mês. Em três anos, os sócios querem chegar a 25 toneladas/mês, operando com um preço na ponta de ~R$120/kg. Já a Petit Papa, maior curadoria do Brasil de rótulos limpo focada no mercado infantil, abre seu primeiro quiosque em shopping em maio 2023, e pretende chegar a 60 unidades nos próximos dois anos, considerando além de espaços comerciais, concessão em parques, museus e locais de interatividade familiar. O Mundo BLW acabou de relançar seu aplicativo, a meta para o ano são 400 mil downloads, num modelo premium e com aspirações de superapp.
O objetivo da Hestia Venture é investir em outras empresas que se alinhem com seus valores, em cada pilar da primeira infância. “Meu objetivo é tornar o mundo mais acessível e respeitoso para todas as crianças”, declara Isabella.
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