Bússola

Um conteúdo Bússola

Danilo Maeda: Trabalho é sustentabilidade

Vamos dar uma atenção extra para objetivos de desenvolvimento sustentável nesse Dia dos Trabalhadores

Você sabe o que é um ODS? (Getty Images/Getty Images)

Você sabe o que é um ODS? (Getty Images/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Diretor-geral da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 3 de maio de 2023 às 15h25.

Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h39.

O Dia Internacional dos Trabalhadores é oportuno para trazer visibilidade a um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável que costuma ser debatido apenas quando ocorrem violações, mas que deveria estar presente com maior frequência. Afinal, desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender as necessidades da sociedade contemporânea sem comprometer as possibilidades das próximas gerações atenderem às suas próprias necessidades. E é no acesso ao trabalho digno que esse objetivo se materializa de forma mais direta e visível, ao menos para a maior parte dos habitantes do planeta.

Além disso, a agenda do trabalho digno pode beneficiar a economia e sociedade como um todo. As externalidades positivas vão desde produtividade, inovação e redução de impactos, aspectos relevantes para o atingimento de diversos ODS, até melhoria em aspectos sociais como violência e criminalidade.

Para pensar o assunto, a agenda de metas das Nações Unidas fornece um parâmetro interessante de onde estamos e queremos chegar. O ODS 8 propõe "promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos". Apesar de algumas tentativas de partidarizar a conversa, me parece pouco razoável que alguém questione a legitimidade de tal objetivo que deve nortear tanto a formulação de políticas públicas quanto práticas empresariais privadas, que ainda precisam avançar na conciliação entre maximização de retorno financeiro e impacto social.

Na agenda 2030, um dos objetivos é "alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor". Contudo, pesquisas que analisam a disparidade salarial entre gêneros ou etnias evidenciam como estamos distantes de atingir tal aspiração.

Se analisarmos o outro aspecto deste ODS, que trata do pleno emprego, teremos uma situação ainda mais preocupante, dado o cenário de precarização e redução do poder de compra, que empurra as pessoas para a pobreza apesar das excessivas horas de trabalho realizadas. Em um mundo que diz buscar trabalho digno e qualidade de vida universais, é como se todos estivessem exaustos de trabalhar, inclusive quem não tem emprego formal. Isso sem falar nas parcelas da sociedade que tentam relativizar a relevância (e a legitimidade!) de pautas como promoção dos direitos trabalhistas e combate ao trabalho forçado, escravidão moderna e trabalho infantil.

É um cenário que pede por reformas profundas. É comum dizer (como pessoas físicas) que precisamos repensar nossa relação com o trabalho. Mas como empresas também precisamos repensar nossa relação com os trabalhadores. Não há negócios sustentáveis sem trabalho digno, salário justo, equidade e respeito.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Etanol de segunda geração é combustível para o futuro

Danilo Maeda: O começo do círculo

Danilo Maeda: Pensamento sistêmico e economia circular

Acompanhe tudo sobre:Sustentabilidadegestao-de-negocios

Mais de Bússola

Como a inteligência artificial está transformando treinamentos corporativos

Varejista investe em formação dos colaboradores com plataforma de conteúdo diversificado

Setor de energia elétrica avança na redução de passivo histórico

Rede social ESG aposta no Rio Innovation Week para ampliar sua presença