Saber se a COP26 será histórica depende das ações práticas a ser adotadas a partir de agora (Secom-MT/Divulgação)
Bússola
Publicado em 18 de novembro de 2021 às 13h23.
Última atualização em 18 de novembro de 2021 às 14h54.
Por Danilo Maeda*
Há três semanas, dias antes de se iniciar a Conferência de Glasgow, um dos mais esperados encontros das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, escrevi neste espaço sobre o que poderia determinar se estávamos ou não diante de um evento histórico. Agora que o evento acabou, a pergunta continua: afinal de contas, a COP 26 será ou não histórica? Em 2030, olharemos para Glasgow como um marco no combate às mudanças climáticas ou como mais um encontro recheado de “blá-blá-blá”?
Depende. Esta costuma ser a melhor resposta simples para perguntas difíceis. E totalmente aplicável neste caso. As expectativas eram grandes, pela sua relevância estratégica e pelo fato de estar mais clara que nunca a urgência do tema, com o relatório mais recente do IPCC. A cobertura midiática do encontro deu o tom do quanto esperava-se que a Conferência de Glasgow fosse um marco histórico. Agora que ela aconteceu, dizer se atingiu ou não as expectativas depende de uma série de fatores.
Depende do que se considera histórico para uma reunião da ONU. Depende de quem assinou ou vai assinar os compromissos anunciados. Depende de quem analisa: ativistas dizem que as expectativas foram frustradas; chefes de Estado defendem que os avanços são inéditos. O fato é que tivemos avanços, mas ainda há um espaço entre os compromissos assumidos e a mudança necessária para conter o aquecimento global no limite de 1,5 ºC estabelecido no Acordo de Paris — a soma das novas NDCs (Contribuições Nacionalmente determinadas, na sigla em inglês) ainda somam emissões que representam 2,4 ºC de elevação.
Se a COP26 será histórica depende das ações práticas a ser adotadas a partir de agora. Podemos esperar mudanças relevantes em pelo menos quatro grandes temas: compromissos por neutralidade em carbono, que avançam e devem ganhar mais velocidade; soluções da chamada economia regenerativa, que devem se estabelecer como apostas importantes para fechar a lacuna entre compromissos atuais e a transformação necessária; setores altamente poluentes, que correm o risco de ficar no passado e o financiamento da transição, que ganhará posição central nos debates.
Aliás, produzimos um relatório com 20 tendências mapeadas nos quatro grandes temas listados acima. Se quiser receber basta escrever para danilo.maeda@fsbholding.com.br. Nosso objetivo foi olhar para a frente, filtrar os impactos, riscos e oportunidades mais relevantes. Saber se Glasgow será vista como histórica depende disso. Nosso futuro também.
*Danilo Maeda é head da Beon, consultoria de ESG do Grupo FSB
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
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