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Danilo Maeda: O pior e mais necessário investimento da história

Entenda o caso da TERR4, a empresa líder de mercado que apresentava os piores resultados de sua história

Campanha tem o objetivo de estimular a adesão de outras empresas aos compromissos lançados em 2000 pelas Nações Unidas (Songsak rohprasit/Getty Images)

Campanha tem o objetivo de estimular a adesão de outras empresas aos compromissos lançados em 2000 pelas Nações Unidas (Songsak rohprasit/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Diretor-geral da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 26 de abril de 2023 às 13h47.

Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 20h39.

A partir das descrições abaixo, em qual empresa você prefere investir?

A primeira opção é uma empresa que vem apresentando os piores resultados de sua história e que:

  • Há anos, tem seu orçamento anual consumido em pouco mais de seis meses
  • Assume dívidas crescentes para continuar operando no restante do período
  • Mantém a mesma forma de gestão, apesar da deterioração de seu capital
  • Tem problemas sérios na distribuição de dividendos, penalizando os minoritários

A outra opção é uma empresa líder e pioneira de seu setor, que tem os seguintes atributos:

  • 8 bilhões de consumidores fidelizados e engajados com a marca
  • Riqueza patrimonial tão vasta que é difícil de medir
  • Fornecedora de todas as grandes indústrias do mercado
  • Ativos com potencial de crescimento acelerado nos próximos anos

O descritivo pode induzir uma escolha óbvia pela segunda empresa, mas na realidade ambos cenários descrevem a mesma “organização”, chamada TERR4. Explico: trata-se de um ativo fictício criado para provocar reflexão e ação a partir de uma pergunta: e se o planeta Terra fosse uma empresa?

A campanha do Pacto Global da ONU transforma o planeta na “empresa de capital aberto” TERR4, com o objetivo de estimular a adesão de outras empresas aos compromissos lançados em 2000 pelas Nações Unidas. O papel terá até um IPO simbólico, que acontecerá na B3 dia 26 de abril. Mais informações sobre a campanha criada pela AlmapBBDO aqui.

Para além da criatividade da campanha, a analogia do planeta como uma empresa pode ser bastante útil para reflexões sobre desenvolvimento sustentável. Nos cenários descritos na abertura, fica evidente como a Terra seria um péssimo investimento, ao menos considerando o desempenho atual. Por outro lado, não há qualquer outra opção no mercado com tantos ativos e potencial de reverter a tendência de prejuízos dos últimos anos.

Talvez algum analista classifique este como um daqueles casos de empresa resiliente. Afinal, são bilhões de anos de história, com várias fases e períodos de reinvenção. É uma organização que seguirá em frente, mas que tem sido prejudicada por stakeholders internos preocupados exageradamente com o retorno de curto prazo, ao ponto de consumir patrimônio em taxas muito maiores do que a capacidade de recuperação dos ativos.

O último Dia da Sobrecarga da Terra — data em que a utilização de recursos naturais pela humanidade ultrapassou a capacidade do planeta de regeneração — ocorreu em 28 de julho, pouco mais do que a metade do ano. Na tendência ano a ano, a expectativa é que o esgotamento aconteça ainda mais cedo em 2023.

O marco contabilizado pela Global Footprint Network é uma boa comparação para o que seria o orçamento anual da empresa Terra. A boa notícia é que esses mesmos ativos têm o diferencial de conseguirem se recuperar rapidamente, a partir dos próprios processos naturais e da aplicação de conhecimento e ciência para apoiar os ciclos da natureza. Em termos financeiros, TERR4 é uma empresa com fundamentos que estão ruins. Mas que tem salvação e um potencial enorme.

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