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Covid-19: após 5 anos, doença ainda mata e segue alvo de fake news

Cinco anos após o registro oficial do primeiro caso da doença no país, até parece que este grave problema de saúde pública é coisa do passado

 (Rodrigo Paiva/Getty Images)

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Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 16h13.

Por David Uip, Vanderlei França, Ricardo Liguori*

O Brasil registrou no último ano 862,7 mil casos quase 6 mil mortes por Covid-19. Dados do Ministério da Saúde apontam que pouco mais de 20% da população elegível tomou todas as doses de vacinas de reforço contra a doença, o que torna as pessoas vulneráveis a complicações em caso de infecção ou reinfecção pelo coronavírus.

Em paralelo, e lamentavelmente, seguem circulando nas redes sociais e em grupos de whatsapp informações falsas sobre a Covid, principalmente sobre supostos danos causados pelas vacinas, o que não encontra, absolutamente, nenhum respaldo científico.

Cinco anos após o primeiro caso no Brasil

Cinco anos após o registro oficial do primeiro caso da doença no país, até parece que este grave problema de saúde pública é coisa do passado e que o vírus foi erradicado. Mas isso não é verdade.

Desde 2020 foram mais de 700 mil mortes por Covid-19 no Brasil e cerca de 7 milhões em todo o planeta. No início todos fomos pegos de surpresa, e não havia nenhuma vacina para conter o Sars-Cov-2 no mundo. Pouco mais de um ano do primeiro óbito, em abril de 2021, com a campanha de vacinação ainda incipiente e poucas doses disponíveis, o Brasil chegou a perder mais de 4,2 mil vidas em um único dia, número muito maior que grandes catástrofes mundiais.

O legado do enfrentamento da pandemia

Não podemos deixar que o sofrimento de tantas pessoas que perderam familiares e amigos e fingir que tudo voltou à normalidade. A realidade é que a doença ainda mata e provoca milhares de internações em Unidades de Terapia Intensiva. Por isso, manter o esquema vacinal em dia é a melhor forma de prevenir o agravamento de quadros de infecções e óbitos. Buscar informação nos canais oficiais do SUS (Sistema Único de Saúde) e em reportagens divulgadas por fontes confiáveis, como os veículos de imprensa, também é fundamental.

Se o pior já passou, é preciso lembrar que os anos de 2020, 2021 e 2022 foram tempos difíceis e sombrios. No momento mais crítico da pandemia, o cenário desolador foi agravado por negacionismo, negacionistas, movimentos antivacina e disseminação de fake news, algo nunca visto em crises sanitárias anteriores, e que contribuiu para milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas.

A resposta do SUS e a contribuição de instituições de saúde

De outro lado, o SUS mostrou o seu valor inestimável no enfrentamento da Covid-19, reforçando suas estruturas por meio de hospitais de campanha, importações de respiradores, ampliação de leitos de UTI e definição de protocolos resolutivos para assistir aos doentes. As instituições de saúde funcionaram de forma exemplar, e os profissionais de saúde foram verdadeiros heróis.

No estado de São Paulo, a partir da confirmação do primeiro caso de Covid-19, foi implantado um Centro de Contingência formado por médicos, cientistas, epidemiologistas, virologistas e professores, que trabalharam por dois anos e dez meses na avaliação do cenário epidemiológico, da ocupação das UTIs, da média móvel de casos e óbitos e da taxa de positividade dos testes para auxiliar o poder público na tomada de decisões.

Ainda no campo da saúde, o Instituto Butantan organizou em tempo recorde uma rede de testagem em parceria com laboratórios públicos, privados e universitários. Foi também responsável pelos estudos clínicos e pela importação de matéria-prima que permitiram viabilizar a primeira vacina contra a Covid disponibilizada aos brasileiros.

O papel da comunicação na pandemia

O Centro de Contingência também contou com a participação de comunicadores, responsáveis por “traduzir” as deliberações dos especialistas e produzir os materiais de divulgação à imprensa e os conteúdos de mídias digitais.

Os profissionais de comunicação trabalharam de forma incansável para levar informações corretas sobre a situação da Covid em São Paulo. Foram mais de 200 coletivas de imprensa, organizadas pela Secretaria de Comunicação, além de milhares de entrevistas concedidas pelos especialistas do Centro de Contingência aos meios de comunicação. A agilidade no fornecimento de dados às agências de fact-checking foi outro ponto fundamental para combater a enxurrada de fake news.

Durante a pandemia, observou-se expressivo aumento da busca de informações por parte da população nos meios tradicionais de comunicação - jornais, portais, rádios e emissoras de TV, em detrimento das mídias sociais. Sinal de que o bom Jornalismo, o SUS e a ciência fizeram a diferença no enfrentamento da Covid-19, se traduzindo em altos índices de cobertura vacinal, uso de máscaras e adesão ao isolamento quando não havia outra forma de prevenção.

Esse legado será eterno, mas é preciso manter o alerta. As campanhas de vacinação e de comunicação ainda são necessárias para evitar que a doença faça ainda mais vítimas.

*Autores:

David Uip, médico infectologista, é reitor do Centro Universitário FMABC, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or e professor convidado do Grupo Educacional CEUMA e da MasteryMed. Foi secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo (2022), coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do governo de São Paulo (2020) e secretário de Estado da Saúde de São Paulo (2013 – 2018).

Vanderlei França, jornalista, foi coordenador de Comunicação do Centro de Contingência contra a Covid de SP (2020 - 2022)

Ricardo Liguori, jornalista, foi coordenador de imprensa no Instituto Butantan (2020 - 2021) e relacionado entre os 10 profissionais de comunicação corporativa mais admirados do país na última edição do Prêmio Comunique-se

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