Bússola

Um conteúdo Bússola

Corpo em movimento: atividade física, mobilidade e independência

A prática de atividades físicas traz, principalmente na terceira idade, diversos benefícios como maior estimativa de vida e melhora a qualidade do sono

Pode ser um desafio incluir as atividades físicas na rotina, mas ainda é algo essencial (ThinkStock/Thinkstock)

Pode ser um desafio incluir as atividades físicas na rotina, mas ainda é algo essencial (ThinkStock/Thinkstock)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 6 de setembro de 2023 às 14h00.

Por Stevin Zung*

A importância da atividade física vem sendo discutida amplamente nas redes sociais, jornais, reportagens e programas de televisão. Sob diferentes pontos de vista, os benefícios que a prática nos traz passam pela saúde mental (com aumento da produção de neurotransmissores como a dopamina, diminuição dos níveis de estresse e de sintomas depressivos), pela maior estimativa de vida e redução do risco de morte precoce, qualidade do sono e melhora da função cardíaca.

Quando trazemos para a discussão a atividade física na terceira idade, o ponto mais importante é a independência, autonomia e mobilidade. O benefício mais óbvio do exercício é sobre a função muscular, mas não é só isso. Em termos de força, resistência e potência está relacionada a melhor mobilidade e menor risco de quedas. 

Evidências em estudos científicos

Uma revisão sistemática e metanálise de 23 estudos em idosos com sarcopenia (redução de massa muscular) revelou que as intervenções baseadas em exercícios podem melhorar significativamente as forças de preensão, extensão do joelho, velocidade de caminhada e a mobilidade funcional. Outra revisão apontou que mesmo treinamentos de resistência muscular realizados em domicílio com supervisão mínima, aumentam a força da parte inferior do corpo de uma população diversificada de idosos, incluindo indivíduos com doenças relacionadas à idade. 

Do ponto de vista da função cardíaca, temos o declínio na aptidão cardiorrespiratória associado ao avanço da idade e piores resultados de saúde. O treinamento com exercícios resistidos é capaz de melhorar a função cardiorrespiratória em idosos saudáveis, além do treinamento aeróbico, que mostrou eficiência na melhora da função cardiovascular. 

Melhora geral das condições físicas

Um recente estudo publicado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein apontou que a prática de atividade física melhorou a qualidade subjetiva do sono em adultos sem transtornos de humor e reduziu a gravidade da insônia. Outro ponto positivo dos exercícios físicos com constância é a melhora da cognição – capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento – entre elas a atenção, memória, linguagem e função executivas. O estudo Effects of physical exercise on executive function in cognitively healthy older adults reuniu dados de outros 25 estudos clínicos e concluiu que as pessoas que praticam exercícios tiveram efeito positivo na memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. 

O desafio da inclusão de atividades físicas na rotina diária

O grande desafio em relação às atividades físicas, independentemente da idade, está em como conseguimos adequá-las em nossa rotina, que por vezes possui alta demanda de afazeres e responsabilidades. Pelo menos é esta a justificativa mais comum para sentirmos menos culpados. De acordo com a recomendação do American College of Sports Medicine (ACSM) os adultos devem se envolver em treinamento cardiorrespiratório de intensidade moderada por 30 minutos diários cinco dias por semana totalizando 150 minutos, ou treinamento cardiorrespiratório de intensidade vigorosa por 25 minutos diários em três dias por semana, totalizando 75 minutos semanais. Esta é a recomendação ideal, mas qualquer atividade recorrente já traz algum benefício.

O programa de exercícios deve ser modificado de acordo com a atividade física habitual do indivíduo, a função física, o estado de saúde, as respostas aos exercícios e metas estabelecidas.

Desafios para a rotina de exercícios físicos em idosos

 Falta de disposição, de conhecimento e de espaço adequado, além do      medo de lesões estão entre os principais desafios para a rotina de exercícios físicos na terceira idade.  Aqui, listamos algumas opções com ideias para a implementação de uma rotina de atividades físicas que seja apropriada para quem está nesta faixa etária:

  • - Atividades comunitárias realizadas ao ar livre são benéficas para melhorar a mobilidade de adultos e idosos;     
  • - Praticar caminhada ou exercícios de resistência e mobilidade;     
  • - Exercícios monitorados à distância também são eficientes para melhorar o equilíbrio de idosos;     
  • - Programa estruturado de exercícios para a prevenção de quedas.

Identificar as barreiras e os facilitadores individuais para a adesão à prática de      atividade física regular em idosos é parte da missão dos familiares e dos profissionais da saúde  que assistem esta população, visando promover melhora em funções importantes, garantindo uma maior qualidade de vida individual e coletiva, com maior autonomia.

*Stevin Zung é médico psiquiatra e diretor médico do Aché Laboratórios Farmacêuticos

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Arredondar o valor das compras gera R$ 5 milhões à educação infantil e combate à fome

Profissionais do setor de saúde correm risco se não investirem em inovação

Viveo lança Humania e se torna uma das líderes em Programa de Promoção à Saúde (PPS)

Acompanhe tudo sobre:Terceira idadeExercícios FísicosSetor de saúdesaude-mental

Mais de Bússola

O marketing brasileiro não funciona por falta de investimento nas ferramentas certas

Como a paridade de gênero nas Olimpíadas e o sucesso das Paralimpíadas inspiram mudanças sociais

Healthtech brasileira mais que dobra faturamento e capta R$ 110 mi em Série B

Bússola & Cia: NewHack lança fundo de R$ 5 mi para startups