3.0 promete revolucionar a internet (Sitthiphong/Getty Images)
Bússola
Publicado em 20 de junho de 2022 às 17h30.
A internet, na época conhecida como Arpanet, foi criada em 1969 nos Estados Unidos, mas só foi ganhar mais notoriedade e acessibilidade por volta dos anos 2000. É nostálgico lembrar que se acreditava naquela época que haveria o “bug do milênio”: na virada de 1999 para 2000, os computadores perderiam todas as informações porque o ano seria 000 e eles não “saberiam” lidar com isso. Felizmente, as máquinas souberam, sim, e nada foi perdido.
Enquanto hoje conectamos nossos celulares à rede wi-fi logo que chegamos aos lugares, nos primórdios dos anos 2000, na chamada Web 1.0, a conexão era discada, chamada dial-up e conectada à rede telefônica por meio do modem, o que deixava o telefone impossibilitado de receber ou fazer ligações. Se alguém ligasse enquanto você estivesse conectado, sua internet cairia. Os conteúdos eram estáticos e sem nenhuma interação praticamente; não havia espaço para comentários, por exemplo.
Felizmente, a internet foi avançando rumo à Web 2.0, quando os usuários entraram em cena. A partir daí a interação ganhou força junto com a geração de conteúdo — por isso também é conhecida como Web Participativa. Chats e redes sociais (ou suas precursoras) eram o ponto alto. Eu me lembro de que, nessa época, existiam sites para postar fotos e era permitido publicar apenas uma única por dia. Os instagramers de plantão iriam pirar, mas ainda bem que a interação era o auge.
Chegamos à Web 3.0, uma nova onda. O que já era revolucionário se torna ainda melhor! A partir daí, já podemos prever três palavras-chave para essa era: descentralização, privacidade e inteligência artificial. Vou explicar:
Descentralização: tudo o que fazemos na internet hoje fica armazenado em servidores sob o controle das Big Tech, como o Google e Facebook. A desvantagem para nós, usuários, é que não temos controle sobre nossos dados, e essas empresas os utilizam para tomar decisões. A Web 3.0 (também conhecida como Web Semântica) tem como objetivo desfazer esse controle, fazendo com que a informação seja encontrada com base em seu conteúdo e armazenada em vários lugares simultâneos, descentralizando-a, assim, das mãos das grandes empresas e passando o controle para os usuários de forma coletiva.
Privacidade: sabe aquela sensação de que você fala algo e seu celular escuta ou de que, após pesquisar “flores” uma única vez, você passa a ser bombardeado com diversos anúncios relacionados a esse tema? Então… Na Web 3.0, isso deve deixar de acontecer, permitindo que os usuários naveguem sem que os algoritmos salvem nossas buscas e dados de maneira constante. Assim, seria possível fazer buscas sem “deixar rastros” e sem ser bombardeado por essa quantidade de anúncios mais. Pelo bem ou pelo mal, inclusive, hoje existe o Brave, um navegador livre e de código aberto que bloqueia anúncios e rastreadores de sites – mas, se você quiser ver essas propagandas, pode até receber por isso!
Inteligência artificial: é a união entre máquinas e usuários. Nesta nova era de internet, as máquinas se tornam grandes aliadas dos usuários, não apenas gerando e armazenando informações, mas também interpretando esses dados e trazendo, assim, soluções mais concretas e personalizadas para as nossas buscas. É o uso ainda mais inteligente do conhecimento e conteúdo já disponibilizado online, com sites e aplicações mais assertivas e publicidades baseadas em nossas pesquisas e em nosso comportamento de navegação.
A Web 3.0 oferece uma experiência ainda mais personalizada e ajustada conforme o usuário e o perfil que ele possui, permitindo que nos surpreendamos de maneira positiva. Quer um exemplo? O termo “São Paulo” pode estar associado ao time de futebol, ao santo e à cidade ou estado. Se você trabalha com a temática religiosa, sua resposta na busca estará ligada a questões de seu interesse, no caso, o santo, baseado nas informações que o sistema já tem sobre você.
Com essas três pistas, é possível perceber que a maneira como navegamos, interagimos e produzimos conteúdo não será mais a mesma. Agora será possível ter controle sobre os seus dados e como usá-los. Fique de olho no que vem por aí!
*Léo Andrade, é influenciador e especialista em tecnologia e autor dos e-books gratuitos A Revolução low-code e citizen developers
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