Bússola

Um conteúdo Bússola

Como sobras têxteis e resíduos se transformam em camisetas novas

Empresa investe em circularidade com práticas de reciclagem, desfibragem, doação e upcypling em marcas como Hering e Farm

Marcas do grupo incorporam fibras recicladas à produção (Bússola/Reprodução)

Marcas do grupo incorporam fibras recicladas à produção (Bússola/Reprodução)

B

Bússola

Publicado em 31 de agosto de 2022 às 11h56.

Por Bússola

Entre suas metas  para 2021, o Grupo Soma decidiu tornar-se Aterro Zero até 2030. Isso significa, por exemplo, investimento em processos ecoeficientes e projetos como a substituição de copos descartáveis plásticos e a implementação da coleta seletiva em todas as unidades, iniciados já no ano passado. E o trabalho começa internamente. Para despertar a consciência nos colaboradores sobre a destinação correta, foram aplicados diversos treinamentos. Somente em 2021, foram 3,6 mil toneladas de sobras têxteis reaproveitadas e 5,1 mil toneladas de resíduos encaminhados para reciclagem.

A gestão de sobras têxteis e resíduos recicláveis foram justamente o destaque no pilar ambiental da agenda ESG no Relatório Integrado de 2021, que pela primeira vez traz dados unificados com a Cia Hering.

“Um dos maiores desafios da indústria da moda são os resíduos têxteis e, em relação a esse tema, as estratégias do grupo foram diversificadas: reciclagem por meio da desfibragem de aparas do corte, doação para projetos sociais de impacto positivo, desenvolvimento de novas coleções a partir de upcycling com sobras, além da aposta no mercado de segunda mão”, diz Taciana Abreu, head de Sustentabilidade. “Dessa forma, conseguimos conciliar a gestão ambiental com impacto social positivo”, afirma.

A estratégia do Soma é promover a redução, o reuso, a reciclagem e a destinação dos produtos, suas embalagens e resíduos gerados em todo o processo pré e pós-consumo, de maneira sustentável, identificando, avaliando e desenvolvendo ações que melhorem a ecoeficiência dos processos.

Em 2021, mais da metade dos resíduos do grupo foram destinados para reciclagem. Além disso, as sobras têxteis são entendidas como insumos para diferentes fins. Em 2021, 900 quilos de tecido foram doados para a Fundação Herman Hering, 440 toneladas foram vendidas para empresas diversas e 3,2 toneladas, encaminhadas para a Eurofios, que desfibra e cria novas matérias-primas. Dentro do grupo, a iniciativa foi acelerada pelo Fashion Hub.

“A gente precisa cuidar do resíduo, para que a indústria da moda continue maravilhosa sem deixar de cuidar do meio ambiente. Conseguimos formar essa parceria com o Grupo Soma, para tratar os resíduos gerados nas confecções, e trazer para a nossa empresa, separando tudo por cor e tipo de tecido, para fazer com que aquele tecido que seria descartado se transforme em fibra novamente, como se fosse um novo fardo de algodão”, diz Adilson Moura, Diretor de Operações da Eurofios.

Além dessa parceria, outras 8,3 toneladas foram desfibradas com o apoio da Fibrax e da Cocamar para gerar o fio dos produtos Reuse de Hering e Hering Kids. Essa iniciativa garante a diminuição de resíduos, do uso de água em sua produção e o reaproveitamento de fibras diversas, reforçando sua circularidade.

O fio é gerado a partir dos retalhos crus da própria malharia da Hering. Esses resíduos são trabalhados para voltar ao estado de fibras, que geram uma nova malha. A linha Reuse era antes exclusiva de camisetas, mas foi ampliada em 2021. Desde então, traz vestidos, regatas no estilo muscle tee e bermudas, além de uma grande novidade: o tênis Reuse, feito de moletom desfibrado.

No mesmo conceito de economia circular, a Farm já lançou de 2017 a 2021, 8 coleções da linha Re-FARM. Foram produzidas, no total, 21.906 peças, em 112 modelagens diferentes, com 65 mil metros de tecido reutilizados.

A Animale Jeans também incorpora tecidos com fibras recicladas nas suas peças e provou que o reaproveitamento têxtil pode dar nova vida a uma coleção inteira de impacto positivo: 785 peças de jeans entre calças, saias, bermudas e jaquetas de coleções antigas, que estavam sem destinação foram transformadas em 7.040 pedaços de tecido, que formaram 40 colchas de patchwork. A coleção, limitada e marcada pelo dégradé de cores, teve 180 peças únicas e exclusivas, que foram distribuídas tanto para atacado quanto para lojas físicas e e-commerce da Animale.

Além do desenvolvimento de coleções feitas a partir de sobras têxteis, o Grupo Soma também apoia novos modelos de negócio de impacto que tenham como propósito prolongar o ciclo de vida das peças, como o Enjoei + FARM, platafroma de venda de produtos de segunda mão, e o Animale Vintage, que convida clientes a levarem de volta às lojas peças que merecem um novo destino, em troca de créditos para serem usados na nova coleção.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Startup de energia solar investe para compensar emissões de carbono

Enactus Brasil celebra empreendedorismo social e universitário em SP

Mercado de carbono pode decolar no Brasil com novo decreto

Acompanhe tudo sobre:FarmGrupo SomaHeringReciclagemSustentabilidade

Mais de Bússola

O marketing brasileiro não funciona por falta de investimento nas ferramentas certas

Como a paridade de gênero nas Olimpíadas e o sucesso das Paralimpíadas inspiram mudanças sociais

Healthtech brasileira mais que dobra faturamento e capta R$ 110 mi em Série B

Bússola & Cia: NewHack lança fundo de R$ 5 mi para startups