Proteger informações pessoais não é um luxo (Cristian Storto Fotografia/Getty Images)
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Publicado em 11 de agosto de 2025 às 10h00.
Por Ricardo Maravalhas*
Quando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi promulgada em 2018, um ponto importante ficou em evidência: não importa o tamanho da empresa - seja pequena, média ou grande, ela estará sujeita às obrigações e penalidades. No entanto, muitas PMEs (Pequenas e Médias Empresas) ainda encaram a adequação como um desafio complexo, caro e desnecessário, o que representa um risco crescente e real.
Para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento realizado pela Kaspersky, empresa global de segurança digital, 35% das empresas brasileiras sofreram vazamentos de dados nos últimos anos. Nas pequenas empresas, o cenário é bastante preocupante, pois elas sofrem, em média, 365 ataques por minuto. Essa realidade coloca as PMEs em um cenário complexo: como atender às adequações da LGPD, sem comprometer de forma significativa o orçamento e a operação do negócio?
Essa adequação pode começar de maneira gradual e simples. O primeiro passo é entender que a proteção de dados começa com atitudes básicas: é necessário mapear as informações pessoais que a empresa coleta, armazenar com segurança, treinar os colaboradores e estabelecer regras claras de tratamento e descarte desses dados. Hoje, inclusive, já existem soluções tecnológicas acessíveis e específicas para pequenos negócios, com funcionalidades como consultoria, gestão do consentimento, relatórios de impacto e controle de acesso com o uso de Inteligência Artificial (IA), sem burocracias.
Além disso, a própria Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já reconheceu a realidade diferente das PMEs, oferecendo orientações simplificadas para as necessidades desse público, o que inclui regulamentações específicas, prazos diferenciados e um olhar mais educativo do que punitivo para quem está tentando se adequar.
Vale reforçar que as empresas devem pensar para além da adequação às exigências legais. Em um mercado cada vez mais competitivo, os clientes, consumidores, fornecedores e parceiros estão mais exigentes e querem saber como as informações estão sendo utilizadas. Ser ético, transparente e responsável com dados, além de ser um diferencial competitivo, gera valor.
Nenhuma empresa, seja qual porte for, pode se dar ao luxo de negligenciar a LGPD, porque vai muito além das sanções e multas salgadas: compromete a credibilidade e os danos podem levar anos para serem revertidos, se forem revertidos. Por isso, a adequação deve ser enxergada como parte da cultura do negócio, de forma realista e proporcional ao porte da empresa, sendo um caminho mais inteligente e sustentável, porque em um mundo cada vez mais digital e orientado por dados, proteger informações pessoais não é um luxo, e sim uma questão de sobrevivência.
*Ricardo Maravalhas é fundador e CEO da DPOnet, empresa que nasceu com o propósito de democratizar, automatizar e simplificar a jornada de conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
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