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Como empresas podem vencer a dificuldade de acesso ao crédito no Brasil?

Setor enfrenta muitos obstáculos e se atualiza com pouca frequência, mantendo um padrão arcaico e ineficiente, que dificulta o processo de operação

Primeiro passo para revolucionar este mercado seguramente é democratizá-lo. (Getty Images/Getty Images)

Primeiro passo para revolucionar este mercado seguramente é democratizá-lo. (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 12h21.

Por Lucas Flores*

O mercado de crédito é fundamental para o crescimento e desenvolvimento da economia brasileira. É por meio da captação de recursos, que empreendedores conseguem expandir seus negócios e, assim, gerar mais empregos e oportunidades. Apesar do impacto positivo que pode trazer para a economia nacional, esse setor ainda enfrenta muitos obstáculos e se atualiza com pouca frequência, mantendo um padrão arcaico e ineficiente, que dificulta o processo de operação.

Quando uma indústria precisa de captação de crédito para construir uma nova filial, normalmente, o diretor financeiro agenda uma reunião presencial com bancos parceiros. Na ocasião, são apresentados diversos produtos que não estão alinhados com os objetivos que a empresa necessita. Alguns dias após esse encontro, o gerente do banco envia um e-mail com uma lista de documentos para análise. A indústria leva alguns dias preparando a papelada e envia esses dados, o banco recebe as informações e leva semanas para analisar. Após esta fase, ainda é necessário responder uma lista de solicitações e dúvidas adicionais.

Vale ressaltar ainda que antes do gerente do banco enviar a informação para o comitê, primeiramente ele dará prioridade para operações que vão render maior receita e comissão (e de forma mais rápida). Além disso, na grande maioria das ocasiões, a solicitação de crédito não é integralmente atendida. Um pedido inicial de R$ 50 milhões, por exemplo, vira R$ 10 milhões. O prazo de pagamento que deveria ser de 5 anos se torna 2 anos e a garantia de um imóvel estipulada anteriormente acaba sendo o imóvel e mais um tanto de coisas. Sem contar que os bancos ainda “obrigam” a assinatura de vários penduricalhos (seguros, títulos de capitalização, consórcios, etc.) para dar prioridade para a operação. Como a maioria das organizações só acessam um ou dois bancos e tem pressa na captação, acaba aceitando todas essas condições.

Hoje as operações de crédito oferecidas pelos bancos são desenvolvidas em função do que é melhor para eles e não para as companhias. Por exemplo, as taxas são mais altas do que deveriam ser, é necessário fazer garantias abusivas e os prazos de pagamentos são curtos, o que força as corporações a fazer várias captações ao longo do tempo, muitas vezes para substituir as próprias operações anteriores. Além disso, os bancos estão atolados de operações de crédito, resultando em baixa priorização, mal atendimento e atraso nas operações.

Pelo fato das empresas desconhecerem a maior parte dos credores do Brasil e acreditarem que os grandes bancos, que já dominam o mercado há muito tempo, são a única opção, novas empresas e fintechs — que poderiam oferecer melhores soluções — têm dificuldade de chegar ao cliente final. Mas, ainda que as companhias soubessem e conseguissem acessar todos os credores, o processo de entendimento é outro empecilho. Diversas organizações ainda não têm total compreensão da pessoa certa para falar dentro da instituição financeira e os produtos mais alinhados à sua necessidade. Além disso, os termos e jargões do setor — usados para as garantias, nomes de produtos, ações, entre outros — fazem com que os empreendedores acreditem que a área é muito mais complexa do que realmente é.

Outro entrave é que a maioria das empresas não possui grandes organizações internas, seja nos demonstrativos financeiros, nos endividamentos vigentes ou nas garantias possíveis para as operações. Então, muitas vezes quando os credores recebem uma informação que julgam desorganizada, não gastam tempo para tentar compreender a atuação da companhia, optando por não dar atenção ou avaliando mal a empresa.

Felizmente, para vencer toda essa burocracia, hoje as empresas podem contar com o auxílio de uma fintech que realiza a análise de crédito de forma mais rápida do que os próprios bancos, além de conseguir identificar o melhor produto de crédito dentre as centenas disponíveis. Ou seja, com isso, as companhias têm a opção de escolher os credores que oferecem as melhores condições.

Pelo fato de ouvirem a necessidade da empresa e trazerem caminhos adequados para o seu atual momento, essa startup consegue para as empresas interessadas um crédito mais alinhado com seu objetivo (seja para investimento, capital de giro, troca de dívida, entre outros). Além disso, elas possuem uma tecnologia de análise mais eficiente do que a dos bancos e operam de forma digital, evitando deslocamentos dos empreendedores e executivos à instituição financeira com intuito de negociar.

Certamente, ainda há muitos esforços a serem feitos que podem melhorar ainda mais a experiência das companhias que precisam de crédito no Brasil. Hoje, o cenário ideal para um empresário seria dispor de uma plataforma na qual é possível acessar e ter um especialista do setor ajudando do começo ao fim da negociação, contando com uma gama gigantesca de produtos de crédito. Tudo isso em um ambiente simples, rápido, profissional e organizado. Nesta mesma plataforma, a companhia enviaria as documentações uma única vez e a análise seria totalmente centralizada neste local. Para futuras captações, a empresa precisaria apenas atualizar as informações.

Muito se fala que o acesso ao crédito no Brasil é caro e difícil, mas pouco se aborda como é possível melhorar as suas práticas. De nada adianta, lançar uma nova fintech ou empresa de crédito, se nenhuma empresa consegue acessar todos os credores do país. O primeiro passo para revolucionar esse mercado seguramente é democratizá-lo.

*Lucas Flores é CO-CEO da BrBatel e um dos nomes ascendentes do mercado brasileiro de crédito. Com vasta experiência na área de crédito, o executivo possui mais de dez anos de experiência em tecnologia e inovação. Empreendedor, Flores foi sócio da Sul Capital, empresa focada em operações estruturadas de crédito e M&A, onde atuou na realização de mais de meio bilhão em captações.

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