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Como a produtividade do trabalho abre caminho para o desenvolvimento

A discussão faz parte da iniciativa Imagine Brasil, promovida pela FDC, que reúne em diálogos especialistas em temas estruturais para o país

Melhorar a produtividade do trabalho é uma ação necessária e efetiva para alcançar o caminho do crescimento econômico. (Alexander Spatari/Getty Images)

Melhorar a produtividade do trabalho é uma ação necessária e efetiva para alcançar o caminho do crescimento econômico. (Alexander Spatari/Getty Images)

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Publicado em 1 de novembro de 2021 às 17h43.

A partir do diálogo e com base em quatro pilares como o Crescimento Econômico e Produtividade, Inclusão Social e Econômica, Meio Ambiente e Prosperidade, Políticas Públicas e Governança Colaborativa, a Fundação Dom Cabral (FDC) iniciou o movimento Imagine Brasil em agosto de 2021. O desafio é construir um projeto integrado com o desenvolvimento sustentável e inclusivo que possa alcançar ganhos de produtividade gerados pela articulação da sustentabilidade ambiental com a economia digital e a inclusão econômica e social.

No último dia 21, aconteceu o debate “O Quebra-Cabeça da Produtividade e o Crescimento Econômico”, que faz parte dos trabalhos da iniciativa Imagine Brasil, coordenada pela FDC. Participaram Carlos Primo Braga, professor associado da FDC e ex-executivo do Banco Mundial, Fernando Veloso, professor da FGV, e Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e Estratégia do iFood. Diálogo mediado por Paulo Paiva, conselheiro e professor associado da FDC, ex-ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento, e especialista na área de Gestão Pública.

Melhorar a produtividade do trabalho é uma ação necessária e efetiva para alcançar o caminho do crescimento econômico e do progresso. Para isto, é fundamental buscar investimentos e melhorias em áreas como educação, treinamento e tecnologia.

“Como a população deixará de crescer em um futuro próximo, o crescimento da economia brasileira dependerá, unicamente, do sucesso que o país tiver no aumento de sua produtividade. Para isso precisamos do envolvimento do poder público e do setor privado, cada um exercendo o seu papel, para que o Brasil possa, superando a crise atual, retomar a expansão econômica”, afirma Paulo Paiva.

Paiva fala sobre estimativas de como a produtividade pode impactar diretamente o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“Se a Produtividade Multifatorial tivesse crescido nas duas últimas décadas do século 20 a uma taxa média anual de 3,2% e, nas duas primeiras décadas deste século, a 3,5%, mantendo a mesma trajetória observada para o crescimento da população, a estimativa para o PIB per capita no Brasil, em 2019, chegaria a R$ 48.870,00. Dessa forma a renda per capita do brasileiro teria sido 41% maior”, diz o professor, uma vez que o PIB brasileiro per capita daquele ano foi de R$ 34.533,00.

E para seguir no caminho da busca pela produtividade, é essencial conhecer experiências internacionais, avaliar o impacto da pandemia sobre a produtividade da economia brasileira, a evolução e os números econômicos do país, além das implicações trazidas pela nova economia.

Confira a entrevista com o professor Paulo Paiva para a Bússola sobre crescimento econômico e produtividade.

Bússola: Quais os principais fatores que contribuem direta e indiretamente para a melhoria da produtividade?

Paulo Paiva: Diretamente, temos as mudanças tecnológicas, a inovação e a educação. Já indiretamente, as condições externas à produção como ambiente de negócios, oferta de infraestrutura física como energia, transportes e comunicações.

Bússola: Qual é o papel do Poder Público quando falamos sobre produtividade? A sociedade civil também tem algum papel importante a desempenhar neste projeto?

Paulo Paiva: O papel do setor público é fundamental. Sua principal contribuição é melhorar o ambiente de negócios, eliminando ineficiências, reduzindo a carga tributária e a burocracia, simplificando a complexa legislação sobre tributos, as relações de trabalho e a realização de negócios. Dessa forma, é possível aumentar a eficiência da economia, estimulando investimentos.

Adicionalmente, investir na ciência, tecnologia, inovação e na educação, além de promover a abertura da economia. O setor público tem também a responsabilidade de melhorar os gargalos de infraestrutura que aumentam o custo dos produtos brasileiros no mercado internacional, que reduzem a competitividade do país.

Porém o setor privado também exerce papel fundamental neste cenário. Ele contribui para aumentar seus investimentos em inovação, seja em produtos, seja na gestão, contribuindo para ser cada vez mais competitivo. Cada um dos atores deve fazer sua parte.

Bússola: Como a economia do Brasil pode ser impactada com a melhoria da produtividade?

Paulo Paiva: O aumento da produtividade determina o aumento da quantidade de produto ou serviço por unidade de tempo empregado na produção. Assim, aumenta-se o volume de produção por unidade de emprego de capital e de ganhos de produtividade que levam ao aumento da competitividade da economia, permitindo acesso a novos mercados.

Bússola: Poderia compartilhar algumas experiências que contribuíram para a melhoria da produtividade e, consequentemente, para a economia de outros países?

Paulo Paiva: Temos exemplos muito claros. Veja o que ocorreu com o Japão, após a Segunda Guerra Mundial, com a Coreia do Sul, depois dos anos setenta, e com a China mais recentemente. Investimentos em ciência, tecnologia, inovação e educação foram os fatores chaves para essas economias crescerem mais rapidamente e para elevar o nível de bem-estar de suas populações.

Bússola: A produtividade pode ser considerada peça fundamental para o futuro da economia brasileira?

Paulo Paiva: O futuro do crescimento da economia brasileira dependerá, unicamente, do sucesso que o país tiver no aumento de sua produtividade. De um lado, não mais contará com o aumento do volume de pessoas empregadas, pois o crescimento da população deixará de existir por volta de 2050, e, de outro lado, as tendências rigorosas de inovação digital e de consolidação da economia verde, materializarão um novo padrão de crescimento para a economia no mundo. Se o Brasil não acompanhar este movimento, poderá entrar em estado de estagnação secular.

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