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Começando pelo fim: uma CPI com desfecho anunciado

Mas falta à comissão corpo técnico especializado em descobrir documentos e personagens ocultos e enredos que podem estar sob o manto da burocracia

CPI da Pandemia: nunca antes houve tanto material disponível e de fácil acesso (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

CPI da Pandemia: nunca antes houve tanto material disponível e de fácil acesso (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2021 às 20h00.

Por Márcio de Freitas*

Até o carpete verde do Senado Federal sabe a conclusão do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia. Fugindo do bordão todos sabem como começa, mas não como termina, essa CPI desde sempre teve alvo pré-determinado.

Os depoimentos da primeira semana passada só confirmaram que, se ainda não se sabe a resposta a perguntas sobre “o que, como, onde, quando, por que”, de antemão se sabia o "quem": o presidente Jair Bolsonaro.

A cada nova narrativa colhida, a comissão busca preencher o questionário das outras questões. Mas não há nenhum suspense. Durante toda a pandemia de covid-19 o governo Bolsonaro registrou publicamente sua posição. Está tudo disponível nas redes sociais.

Basta dar um google que os vídeos e frases caem do algoritmo como uma nuvem de gafanhotos sobre uma plantação. Eu sei o que você postou no verão passado é o filme da temporada.

A CPI da Pandemia tem a característica de muitas das provas digitais estarem disponíveis em redes sociais, blogs e plataformas online. Nunca antes na história desse país (ops), tanto material esteve exposto e de fácil acesso.

É por isso que já surgem os questionamentos sobre a atual capacidade de investigação profunda da comissão, que não conta ainda com um corpo técnico especializado em descobrir documentos e personagens ocultos e enredos que podem estar sob o manto da burocracia.

Esse tipo de material pode até estar acessível na internet, mas é preciso gente com um olhar especializado para encontrar, e saber como requisitar. Achar esse tipo de profissional está sendo difícil para o Senado. Lembrete: esse tipo de investigador trabalha na Polícia Federal, onde o governo Bolsonaro tem um controle poucas vezes visto.

*Márcio de Freitas é analista político da FSB Comunicação

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