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Com pandemia, número de passageiros de ônibus urbanos cai 51%

Queda ocorreu nos meses de abril e outubro de 2020, na comparação com 2019; levantamento da NTU revela que houve redução nos passageiros pagantes

Levantamento da NTU faz a análise de desempenho do setor com base em 11 indicadores. (Bússola/Reprodução)

Levantamento da NTU faz a análise de desempenho do setor com base em 11 indicadores. (Bússola/Reprodução)

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Publicado em 23 de setembro de 2021 às 19h42.

As medidas de distanciamento social resultaram numa queda de 51,1% nos passageiros pagantes transportados pela frota de ônibus urbano em 2020, na comparação com o ano anterior. Cada ônibus transportou em média 167 passageiros ao longo de cada dia. Isso significa menos de sete passageiros transportados por hora em sistemas com 24 horas de operação, segundo estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

Essas são algumas das conclusões do Anuário NTU 2020-2021, que há 27 anos avalia o desempenho operacional do setor. A publicação foi lançada durante o Seminário Nacional NTU, na última terça-feira, 21. O estudo considera as médias dos indicadores apurados nos meses de abril e outubro de cada ano, conforme a série histórica realizada pela Associação, com base em nove capitais – Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Nessas capitais, que representam 35% da demanda nacional, deixaram de ser realizadas 147,2 milhões de viagens/mês na média dos meses de abril e outubro do ano passado nos serviços de ônibus, em comparação com igual período de 2019.

“A situação observada em 2020 é muito diferente daquela verificada no início da série histórica, quando cada veículo transportava 631 passageiros pagantes em média diariamente. Desde então, houve uma diminuição de 73,6%”, afirma o presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha.

A perda de demanda resultou, segundo o anuário, em prejuízo acumulado de mais de R$ 16,7 bilhões no período de março de 2020 a junho de 2021, o que agravou profundamente a crise que as empresas operadoras já vinham enfrentando mesmo antes da pandemia.

“É urgente uma mudança estrutural que contemple a alteração do modelo de remuneração, garanta maior segurança jurídica e ofereça infraestrutura que permita a oferta de um serviço de qualidade a preços acessíveis”, afirma Otávio Cunha.

Segundo o Anuário, abril de 2020 foi o mais impactado, com uma queda de 67,3% nas viagens realizadas por passageiros por ônibus urbano na comparação com 2019.

Segundo o presidente da NTU, os reflexos negativos da covid-19 são sentidos pelos sistemas de transporte público por ônibus desde março de 2020, o pior momento para o setor.

“Naquele mês, foi registrada uma redução de demanda transportada de 80%, de acordo com monitoramento realizado pela NTU nas capitais e regiões metropolitanas”, diz.

De agosto de 2020 até junho de 2021, a diminuição da demanda ficou estabilizada entre 35% a 40%, de acordo com o mesmo acompanhamento.

Para Otávio Cunha, a única chance de recuperação do setor passa pela reestruturação do transporte público no país, com a criação de um novo marco legal para o setor.

Em queda

A drástica redução de passageiros pagantes transportados verificada no último ano soma-se à tendência de expressiva queda observada nas últimas décadas. De 1994 a 2012, a queda da demanda de passageiros foi de 24,4%; e de 2013 a 2019, a redução foi de mais 26,1%, conforme registra o Anuário.

O levantamento da NTU faz a análise de desempenho do setor com base em 11 indicadores, distribuídos nas áreas operacional, insumos e custos. Entre eles está o IPKe, índice de passageiros equivalentes (viagens realizadas por passageiros pagantes) por quilômetro, que despencou 25,6% em 2020, comparado a 2019. A produtividade do setor, que nos últimos 20 anos estava estabilizada em níveis muito abaixo dos valores observados no início da série histórica, caiu radicalmente e atingiu a preocupante marca de somente um passageiro pagante transportado para cada quilômetro rodado. No período dos 27 anos analisados, a queda de produtividade é de 55,4%.

Frota

Outro indicador relevante, a idade média da frota de ônibus urbano, revela que o índice mais recente é um dos maiores de toda a série histórica. Nos últimos nove anos, não aconteceu renovação expressiva dos veículos. Segundo o levantamento, a idade média da frota manteve-se estável em 2020, em relação ao ano anterior. A média dos nove sistemas analisados é de cinco anos e oito meses.

Acompanhamento da NTU no período de janeiro de 2020 a junho de 2021 também expõe uma retração de 20,6% dos empregos diretos gerados em todo o país pelas operadoras de transporte público por ônibus. Mesmo assim, o Anuário aponta que as empresas garantiram aumento de 1,2% na remuneração média dos motoristas.

Tarifa

De acordo com o Anuário 2020-2021, houve uma redução de 17,9% da tarifa média ponderada das capitais pesquisadas entre os meses de dezembro de 2019 e 2020, influenciado pela correção monetária pelo IGP-DI dos valores de toda a série histórica. Sem a aplicação da correção das médias tarifárias para trazê-las para valores presentes, a variação foi praticamente inexistente, de R$ 4,16 para R$ 4,17.

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