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5 passos para empresas se adequarem à Lei de Saúde Mental

Lei nº 14.831 torna obrigatório o cuidado com a saúde mental no ambiente de trabalho; afastamentos por transtornos cresceram 67% em 2024

 (fizkes/Getty Images)

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Publicado em 4 de março de 2025 às 10h00.

Luiza Caixe Metzner

Nos últimos anos, fomos impactados por grandes mudanças: a pandemia, o excesso de digitalização e informação, mudanças climáticas e globais. Todo esse contexto volátil e incerto contribuiu para um aumento de doenças mentais.

Vivemos em um mundo BANI, conceito criado por Jamais Cascio, que significa Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não Linear) e Incomprehensible (Incompreensível). Esse cenário de medo e insegurança impulsionou o crescimento de doenças mentais, como burnout, ansiedade, esgotamento emocional e depressão.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 1 em cada 8 pessoas no mundo vive com algum transtorno mental. No Brasil, aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, o que representa cerca de 18,6 milhões de pessoas. Um estudo realizado pela Ipsos em 2024 revelou que 45% dos entrevistados no Brasil relataram sofrer de ansiedade, com maior incidência entre mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%).

Com a sanção da Lei nº 14.831, cuidar do bem-estar emocional dos colaboradores deixou de ser um diferencial e tornou-se uma obrigação. Os impactos sociais e financeiros são elevados. Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos afastamentos laborais devido a transtornos mentais e comportamentais. Dados do Ministério da Previdência Social indicam que mais de 400 mil trabalhadores foram afastados por essas condições, representando um crescimento de 67% em relação a 2023, quando foram registrados 283,3 mil afastamentos.

Essa legislação, além de impor diretrizes, nos convoca a repensar a cultura organizacional, transformando espaços de trabalho em ambientes verdadeiramente saudáveis. Mas, como iniciar essa jornada de mudança? A seguir, apresento alguns passos essenciais para que as empresas se adequem a essa nova realidade:

1. Diagnóstico e mapeamento do ambiente

Antes de implementar qualquer medida, é imprescindível compreender profundamente o cenário atual. Realizar um diagnóstico detalhado, identificando fatores de risco, pontos de estresse e oportunidades de melhoria, permite que a organização trace um plano de ação alinhado às reais necessidades de seus colaboradores. Essa etapa é fundamental para criar estratégias que realmente promovam o equilíbrio e a saúde emocional.

2. Capacitação de lideranças e o cuidar de quem cuida

As lideranças são o elo entre as demandas estratégicas da empresa e o bem-estar da equipe. Investir na capacitação de gestores para reconhecer sinais de sobrecarga e esgotamento é crucial. Líderes preparados não só adotam uma postura empática, mas também atuam como agentes de mudança, criando um ambiente que estimula o diálogo e o suporte mútuo.

As lideranças também precisam ser acolhidas, já que são elas que cuidam dos times. "Estimular grupos de escuta e conexão, promover autoconhecimento e autopercepção e incentivar práticas terapêuticas para as lideranças também é fundamental."

3. Implementação de políticas de prevenção e suporte

É preciso ir além das soluções paliativas. Desenvolver e integrar políticas que ofereçam suporte psicológico, programas de prevenção e iniciativas que promovam conscientização e escuta deve ser parte integrante da estratégia corporativa. Essas medidas podem incluir desde parcerias com profissionais da área até a criação de programas internos que incentivem práticas de autocuidado e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

4. Adoção de práticas humanizadas e flexíveis

Repensar processos e rotinas é um passo vital para a transformação. Isso significa revisar jornadas de trabalho, adotar modelos mais flexíveis e garantir conexões transparentes entre os times. "Fortalecer comportamentos de escuta e ter um olhar empático para o indivíduo pode contribuir para mitigar os impactos e criar uma cultura de bem-estar."

5. Monitoramento contínuo e feedback constante

A transformação não é um evento isolado, mas um processo contínuo. Estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliação permite identificar o impacto das medidas implementadas e ajustar estratégias conforme necessário. "Incentivar um ambiente onde o feedback é valorizado fortalece a comunicação interna e assegura que as políticas de saúde mental evoluam junto com as necessidades da equipe."

Esses passos vão além do cumprimento de uma obrigação legal; eles representam um compromisso genuíno com o valor humano. Investir em saúde mental é investir na resiliência, na inovação e no sucesso sustentável da organização. Em um mercado cada vez mais competitivo, a transformação cultural que coloca o bem-estar dos colaboradores no centro das estratégias não é apenas uma tendência, mas uma necessidade.

A pergunta que permanece é: "A saúde mental é pauta de sua agenda? Como sua organização discute este tema? Quais ações você irá implementar para promover bem-estar às suas pessoas?"

*Luiza Caixe Metzner - Diretora de RH da Paschoalotto

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