Plataforma criada pela OpenAI funciona com base em redes neurais e machine learning (Andri Onufriyenko/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 24 de março de 2023 às 06h30.
A não ser que você estivesse em outro planeta neste início de 2023, certamente já leu ou ouviu falar sobre o ChatGPT, a plataforma criada pela OpenAI baseada em redes neurais e machine learning. A ferramenta rapidamente chamou a atenção pela capacidade de combinar informações e entregar diversos conteúdos com alto nível de detalhes e compreensão, como se fosse uma conversa realmente entre homem e máquina. Como era de se esperar, rendeu acalorados debates entre apocalípticos e integrados, como diria Umberto Eco.
Mas estamos falando de algo que foi criado em novembro de 2022 e, portanto, nem completou seis meses de vida ainda. Os benefícios – e os riscos – ainda são incertos para as pessoas e empresas. Ou seja, é necessário ter calma e atenção para não cair em armadilhas e tampouco dedicar mais tempo e dinheiro do que o necessário. Para saber mais, confira uma lista com cinco coisas que (ainda) não te contaram sobre o ChatGPT.
Uma das principais preocupações neste início de operação do ChatGPT é com o impacto no mercado de trabalho. Afinal, a plataforma consegue entregar conteúdos, traduções, questões com riqueza de detalhes em pouquíssimo tempo. Bem diferente do tempo que um ser humano levaria para produzir algo semelhante. Não foram poucos os que preconizaram o “fim” de profissões ligadas ao marketing digital, como redatores, analistas de SEO, etc.
A questão é que bastaram algumas semanas de popularidade da ferramenta para ficar claro que não vai roubar o emprego de ninguém. Há problemas na forma como esses conteúdos são “criados” pela inteligência artificial e nada supera a criatividade humana. O que vai acontecer é uma mudança no escopo dessas profissões. Habilidades como criatividade e capacidade analítica estarão ainda mais em alta.
Abelardo Barbosa, o popular Chacrinha, dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. O mesmo vale para a plataforma ChatGPT. Ainda que seja espantoso ver a capacidade de produzir conteúdos em pouco tempo, o fato é que a solução não cria nada, no sentido de fazer algo novo. Tudo o que ela entrega já está disponível em algum lugar da web.
Isso porque a plataforma de Inteligência Artificial utiliza redes neurais e machine learning para acessar essa imensa base de dados e, em cima dos “pedidos” feitos, cruzar as informações para entregar o conteúdo esperado. Isso é útil de várias maneiras, realmente, mas quando a empresa quiser algo original e novo, precisa recorrer à figura humana.
Por conta disso, não importa quão bom seja o processamento de dados da inteligência artificial e sua capacidade de cruzar os mais diversos dados disponíveis, sempre vai apresentar limitações e eventuais problemas na confecção dos conteúdos. Afinal, sempre há informações novas disponibilizadas digitalmente e, precisamos reconhecer, nem tudo é verdadeiro e legítimo na internet.
Em tempos de Fake News e desinformação, há sempre o risco de artigos com discurso de ódio, mentiras e ofensas serem considerados verdadeiros pela plataforma por conta de falhas em algoritmos. Ou ainda a dificuldade de indexar conteúdo sempre novo que é postado diariamente ao redor do mundo. O ChatGPT mesmo em seu início só conseguia trabalhar com dados de até 2021 – ou seja, ignoraria a morte de Pelé e da Rainha Elizabeth 2º, por exemplo.
Sim, há problemas que precisam ser resolvidos e o ChatGPT não deve ser encarado como esse ser todo-poderoso. Entretanto, isso não significa que não pode ser útil para as empresas. Pelo contrário, com inteligência e planejamento, é possível tirar vários benefícios, como automação de processos e otimização de operações.
Contudo, é na área de Customer Success que vejo o ChatGPT assumindo papel de destaque nas estratégias comerciais. Com o apoio da inteligência artificial, é possível impulsionar ainda mais o relacionamento entre a marca e cliente. A empresa pode otimizar o atendimento com respostas às dúvidas mais frequentes, criar conteúdos personalizados para cada perfil e conseguir atender as demandas dos usuários onde, como e quando eles quiserem.
Saiba, portanto, que o ChatGPT já se revela como uma ferramenta essencial para empresas de diferentes portes e segmentos. O número de usuários cadastrados não deixa mentir: foram mais de 100 milhões em apenas dois meses, tornando-se a aplicação com maior crescimento da história no mundo da tecnologia. O TikTok, por exemplo, levou nove meses para atingir essa marca. O Instagram, dois anos!
Apesar de todos os problemas listados aqui, as vantagens compensam – e muito. A transformação digital acelerada nos últimos três anos trouxe novos desafios para as empresas, exigindo rápida adaptação para não sucumbir no mercado. É preciso ficar atento às novidades e, mais do que isso, identificar rapidamente o que elas podem oferecer para o negócio.
No caso do ChatGPT, mesmo em pouco tempo, já é evidente que trata-se de uma tendência que veio para ficar. Assim, mais do que ficar debatendo seus efeitos, o melhor caminho é rapidamente encontrar a melhor forma de trabalhá-lo no dia a dia corporativo. Até porque o futuro não espera ninguém.
*Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA
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