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Carlos Guilherme Nosé: sairemos melhor da pandemia?

Que triste seria passarmos por tudo isso, por todo esse sofrimento, todas essas perdas, medos, angústias e sairmos iguais

A sociedade está melhor hoje do que há quase dois anos? (Cecilie_Arcurs/Getty Images)

A sociedade está melhor hoje do que há quase dois anos? (Cecilie_Arcurs/Getty Images)

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Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 13h42.

Última atualização em 3 de dezembro de 2021 às 14h20.

Por Carlos Guilherme Nosé*

Lá se vão 20 meses, 600 dias ou 14.400 horas que iniciamos uma jornada impensável até então. Uma jornada de resiliência, autoconhecimento, empatia e muita, mas muita paciência. E me pergunto: a sociedade está melhor hoje do que há quase dois anos?

Lembro que logo nas primeiras semanas de lockdown, lá por meados de março, início de abril de 2020, já havia muita gente analisando o que poderíamos tirar de bom desse momento. Reportagens na TV mostrando jovens fazendo compras de supermercado para seus vizinhos idosos que não podiam sair de casa nem de máscara. Pessoas dando gorjetas polpudas a entregadores de aplicativos de delivery, distribuição de marmitas para caminhoneiros que não tinham onde se alimentar nas estradas, pois tudo estava fechado. Muitos se voluntariando para prestar serviços essenciais em pronto-socorros, abrigos para moradores de rua e assim por diante.

Tivemos mobilizações gigantescas de grandes, médias e pequenas empresas, em uma emocionante onda de responsabilidade social para manter o maior número de empregos possível. Aqui na Fesa Group, o atraso no recebimento dos boletos chegou a zero, algo que recorrentemente ficava entre 5% e 8% da nossa receita mensal. Empresas realmente conscientes e pensando no seu propósito e no impacto nos seus stakeholders.

Agora, com a pandemia “quase vencida”, já não vemos mais matérias semelhantes. Será que já não é mais notícia ajudar os outros ou essa atitude mais humana em relação aos nossos semelhantes já não é mais importante? Fico pensando se realmente estamos melhores como seres humanos ou se foi apenas uma onda de comoção que tomou conta da sociedade.

Na minha visão, levará um tempinho para podermos escrever que “a sociedade saiu melhor da pandemia” em pedra, mas sinto falta de ver o mundo um pouco mais consciente, um pouco mais desacelerado e muito mais humano. Voltamos para a correria da mesma forma que entramos? Você continua com os mesmos hábitos de 2019, 2018, 2017?

Vejo a volta do mundo polarizado, países que não se entendem, pessoas ignorando seu vizinho, pensando só no seu próprio umbigo, uma corrida desenfreada para voltar tudo ao “velho normal”.

Não quero ser pessimista, mas que triste seria passarmos por tudo isso, por todo esse sofrimento, todas essas perdas, medos, angústias e sairmos iguais. Que perda seria! Nossa espécie teve uma chance de ouro de se reinventar, de repensar nossos propósitos e a forma de conduzirmos nossas vidas.

Espero, de coração, que esse “novo normal” não seja apenas ter a opção de trabalhar de casa, pedir delivery de comida ou maratonar séries na TV. Seria lindo demais sairmos dessa situação como seres humanos melhores, uma sociedade melhor, um mundo melhor para as próximas gerações, concorda? Faça sua parte!

 

*Carlos Guilherme Nosé é CEO & Partner da Fesa Group, um ecossistema de soluções de pessoas e de conexões humanas

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

 

 

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