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Carlos Guilherme Nosé: Marca desempregadora

O mercado de trabalho pode ser cruel, mas será que não está sendo um pouco duro demais com os empregados?

Não há como fugir do mercado (RUNSTUDIO/Getty Images)

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Publicado em 7 de julho de 2023 às 16h40.

Por Carlos Guilherme Nosé*

Contei mês passado aqui nesta coluna como, logo no início da minha carreira, mudei da área de Marketing para a de Recursos Humanos. Ainda hoje, mesmo após mais de 20 anos na área, faço minhas correlações entre as 2 áreas com certa frequência. 

O mundo corporativo, como muitos falam, é cruel. O mercado não aceita desaforo, decisões difíceis são tomadas a cada minuto, foco no resultado, no acionista que cobra metas estratosféricas, e assim por diante. Não sou crítico a isso, é assim e não tem muito para onde corrermos. Porém, adoto o que aprendi com um amigo querido e CEO de altíssimo nível “Decida com a razão, execute com o coração”. 

Ainda fico perplexo ao ouvir histórias as quais não consigo entender como podem ter acontecido. Nesses últimos dias estive com 2 profissionais que tenho grande admiração por suas trajetórias de vida e pelos profissionais que se tornaram. Um deles estava há 7 anos em uma das empresas mais desejadas para se trabalhar. Foi desafiado a mudar de função em 2021, entregou todos os números e mês passado fez reunião de avaliação com seu chefe e tudo ótimo! Semana passada foi desligado, com a argumentação de que ele não tinha potencial para um próximo passo. O outro caso, uma executiva muito sênior estava em processo conosco aqui na FESA e no meio do processo, recebeu uma super proposta de uma das maiores empresas do segmento de Consumo. Entre o certo e o incerto, tomou a decisão de aceitar a outra proposta, afinal de contas era uma super empresa e uma posição desafiadora para ela. Me ligou essa semana dizendo que foi informada que a área dela foi extinta e que ela estava sendo dispensada. 

O que me intriga é: Tanto dinheiro investido no employer branding, na jornada de encantar o profissional a trabalhar na empresa, para no momento final onde ele mais precisa de transparência, honestidade e apoio, ser feito dessa forma? Aí vem o meu paralelo com Marketing. Se seu cliente “não serve” mais para você, você simplesmente o despreza e o joga para o lado? Cadê a liderança com propósito e humanizada que tanto vemos em redes sociais? 

Os líderes empresariais precisam entender que os talentos são, primeiro de tudo, seres humanos que possuem sonhos, famílias, compromissos e deveres. Novamente não estou dizendo que sou contra essas decisões, mas tudo está na forma como ela é feita. No cuidado de se comunicar, de se preparar para um momento difícil. Vejo essas situações como uma grave falta de empatia, competência hoje tão buscada em todos os processos de liderança. Qual a imagem que você passa para quem fica? Me lembra das aulas de marketing e das questões de como deixar a vontade do cliente voltar a consumir sua marca. 

Me lembro também do meu avô e do meu pai me ensinando a tratar os outros da maneira que gostaríamos de ser tratados. E tantas outras frases ou histórias que poderia citar aqui para reforçar minha indignação com as formas e jeitos que as empresas executam essas decisões. Não é generalizar, tem muita empresa e gestor exemplar por aí.  

Mas deixo aqui minha provocação para você, gestor e líder de equipes e organizações. Você tem tratado esses temas tão delicados com toda atenção e cuidado necessário? Você tem pensado no quanto suas ações podem transformar, para o bem ou para o mal, a vida das pessoas à sua volta? 

Finalizando, minha sugestão é: Nunca deixe seu cérebro ser muito maior que seu coração. 

*Carlos Guilherme Nosé é CEO da FESA Group

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