Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Bússola
Publicado em 19 de setembro de 2022 às 07h54.
Última atualização em 19 de setembro de 2022 às 08h04.
Ninguém duvida que prevenir é o melhor remédio, e, por isso, as vacinas são os instrumentos mais eficazes na proteção contra doenças. Graças a elas, por exemplo, estamos conseguindo vencer a pandemia de Covid-19. Apesar da importância dos imunizantes, os índices de cobertura vacinal para outras enfermidades vêm caindo vertiginosamenteno Brasil e no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa global de imunização das crianças atingiu o menor patamar dos últimos 30 anos. A baixa adesão às vacinas não somente coloca em risco a saúde de quem não se imuniza, principalmente a população infantil, mas pode levar ao ressurgimento de doenças que já haviam sido controladas
O Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, que completa 50 anos em 2023, é considerado referência internacional. Infelizmente, nos últimos anos, a procura pelas vacinas – que são aplicadas gratuitamente na rede pública – tem diminuído preocupantemente. Para que exista proteção coletiva, o recomendável é que entre 90% e 95% das crianças estejam imunizadas. Mas, em 2021, os índices não chegaram nem perto disso. Tomaram a vacina BCG (contra a tuberculose) e a 1ª dose da tríplice viral (contra o sarampo, a caxumba e a rubéola) apenas 68% e 73% do público-alvo, respectivamente. A taxa de cobertura contra a paralisia infantil atingiu apenas 69% e contra o rotavírus foi de 70%.
Como consequência desse retrocesso, voltamos a conviver com a ameaça de doenças que já haviam sido erradicadas. Depois de ter sido considerado território livre do sarampo pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2016, o Brasil registrou 40 mil casos entre 2018 e 2021. A Opas alerta para o risco de o país assistir ao reaparecimento também do vírus da poliomielite, que causa a paralisia infantil e está eliminado por aqui desde a década de 1990. Devido à baixa adesão, o Ministério da Saúde prorrogou a campanha de vacinação contra a pólio, que deveria ter sido encerrada no início de setembro, até o fim do mês. A quinze dias do término, nem metade da meta havia sido atingida.
Especialistas apontam diversas causas para a queda da imunização infantil. Uma delas é que, com o sucesso da vacinação em massa no passado e o consequente enfraquecimento de algumas doenças, as novas gerações não testemunharam epidemias de outros tempos e têm a sensação equivocada de que não é preciso se imunizar. Outro fator extremamente grave, que ganhou força durante a pandemia, são as campanhas de desinformaçãopor movimentos antivacinas, que se baseiam em fake news e dados distorcidos.
Webinar promovido pela Bússola, na próxima quarta-feira, 21 de setembro, às 12h, vai reunir médicos pediatras e infectologistas para debater a importância da imunização infantil, esclarecer dúvidas sobre as principais vacinas e alertar para os riscos que a baixa cobertura traz para toda a sociedade. Participarão da live a Dra. Ana Paula Burian, coordenadora do Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais no Hospital Infantil Nossa Senhora da Gloria de Vitória, e o Dr. Daniel Jarovsky, secretário do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo. A moderação será feita por Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.
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