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Brasil no Dia Mundial da Alfabetização: progresso real, desafios urgentes

Nesta data comemorativa, olhamos para o cenário atual da alfabetização brasileira

O Brasil só avançará de forma sustentável se conseguir enfrentar as profundas diferenças de aprendizagem (Maskot/Divulgação)

O Brasil só avançará de forma sustentável se conseguir enfrentar as profundas diferenças de aprendizagem (Maskot/Divulgação)

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Publicado em 8 de setembro de 2025 às 06h00.

Neste 8 de setembro, Dia Mundial da Alfabetização, o Brasil tem motivos para celebrar — e ainda mais razões para seguir trabalhando. Alfabetizar todas as crianças na idade certa, como recomenda a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é uma urgência ética, social e econômica.

Os dados do Indicador Criança Alfabetizada (ICA) 2024, divulgados em julho, mostram um avanço histórico: pela primeira vez, 59,2% das crianças brasileiras estão alfabetizadas ao final do 2º ano do Ensino Fundamental. Isso revela que o país está na direção certa, mas o desafio permanece. Precisamos acelerar o ritmo para garantir esse direito fundamental e eliminar o analfabetismo escolar.

O Indicador Criança Alfabetizada (ICA) funciona como uma verdadeira bússola: mostra os avanços alcançados, evidencia pontos de atenção e sinaliza os caminhos necessários para irmos mais longe. É um instrumento fundamental porque permite acompanhar se as crianças estão sendo alfabetizadas na idade certa. 

O último trouxe boas notícias: 18 estados melhoraram seus resultados e 11 alcançaram as metas estipuladas pelo Inep/MEC. O que há em comum entre eles? Políticas de alfabetização construídas em regime de colaboração entre União, estados e municípios. A experiência desses estados mostram que políticas integradas, sistêmicas e consistentes são capazes de transformar a educação.

Mas os resultados também revelam fragilidades

Estados afetados por desastres climáticos, ou com maiores desafios estruturais, especialmente evidenciam a importância de políticas resilientes e adaptáveis. 

Capitais e municípios têm mostrado que é possível mudar a rota. Ao todo, 1.141 municípios já alcançaram a meta prevista para 2030, de 80% das crianças alfabetizadas até os 7 anos. Essa conquista se espalha por todas as regiões do país: 25% dos municípios da região Sudeste, 19% dos municípios da região Nordeste, 35% dos municípios da região do  Centro Oeste, 15% dos municípios da região Sul e  apenas 2% dos municípios da região Norte, acendendo um alerta para a urgência de fortalecer as políticas públicas na região e ampliar a equidade no acesso à alfabetização em todo o país.

Para que o sucesso se torne realidade em todo o país, é essencial reduzir desigualdades

E falamos das regionais e também raciais. O Brasil só avançará de forma sustentável se conseguir enfrentar as profundas diferenças de aprendizagem entre crianças brancas, negras e indígenas. Isso exige a ação conjunta de gestores, educadores, sociedade civil e organizações do terceiro setor. 

O Brasil ainda está distante de resolver por completo o desafio da alfabetização. Mas os dados apontam que encontramos a direção: colaboração, coordenação e compromisso com a aprendizagem de todas as crianças, em todas as salas de aula do país.

* Autores:

Veveu Arruda, presidente da Associação Bem Comum
Daniela Caldeirinha, vice-presidente de Educação da Fundação Lemann
Maria Slemenson, superintendente do Instituto Natura Brasil

As organizações formam a Aliança pela Alfabetização.

 

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