Mercado de influência cresceu 43% de 2020 para 2021 — hoje estimado em US$ 13,8 bilhões, deve chegar a 25 bilhões ano que vem (Getty Images/Getty Images)
Bússola
Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 13h15.
Última atualização em 13 de dezembro de 2021 às 18h32.
Por Bia Granja*
Se você não conseguiu acompanhar as mudanças do mercado de influência esse ano, cola aqui comigo pois vou te ajudar a organizar e entender o que rolou e também trazer perspectivas importantes para o próximo ano. Bora?
Comecemos pelo fato: O Marketing de Influência virou mainstream!
E agora vamos aos dados: A pandemia realmente mudou o jogo ao trazer milhares de consumidores pro digital (o e-commerce foi de 9% para 21% do faturamento do comércio varejista) e tornar o papel dos influenciadores na comunicação das marcas, que tem a confiança desse consumidor, mais estratégico.
Estudo da Kantar apontou que influencers são o tipo de mídia em que as pessoas mais gostam de receber e visualizar conteúdo publicitário no digital e a Nielsen, dos mais importantes institutos de metrificação de comunicação, trouxe o dado de que consumidores lembram mais de anúncios feitos com influencers do que anúncios tradicionais (36% contra 66%).
Isso tudo fez o investimento das marcas em influência crescer 71% esse ano, a Squid ser comprada pela Locaweb por 176 milhões e a Mynd fechar o ano com mais de 160 milhões de faturamento (na previsão). De acordo com a Forbes, o mercado de influência cresceu 43% de 2020 para 2021 — hoje estimado em US$ 13,8 bilhões, deve chegar a 25 bilhões ano que vem.
E quais são as tendências que norteiam a Influência pro ano que vem?
A pandemia trouxe milhares de pessoas para a era digital e grande parte dela passou a criar conteúdo nas redes sociais, o que ampliou o conceito de influência. Além do influenciador criador de conteúdo como conhecemos, durante 2021, vimos nascer o Atleta Influencer, o Político Influencer, o Gigfluencer, o Colaborador Influencer, o Virtual Influencer... Para os próximos anos, essa lista só vai crescer, o que força as empresas a olharem pra influência em nichos e territórios não tão óbvios. O seu próximo influenciador pode estar dentro de casa, no metaverso ou nem ter nascido ainda. :)
Não dá mais pra falar de influência sem falar de dados! Quanto mais estratégica se torna a disciplina, maior a importância da tecnologia e dados para planejar, executar e mensurar ações de influência. Hoje, o investimento em tecnologia é o terceiro colocado no budget das marcas, e já subiu uma posição em relação ao ano anterior. Quanto mais dinheiro as marcas investem, mais importante se torna conseguir mensurar o retorno das ações de influência, por isso o uso da tecnologia e dados se torna essencial. Redes sociais são tanto criativas quanto matemáticas, e olhar para essas duas coisas gera eficiência, assertividade e mais resultado.
Em 2019, lançamos um report com a Box1824 que apontava que um dos cenários futuros da influência era o varejo. A profecia de que todos os canais de conteúdo seriam também canais de venda se concretizou. As redes sociais têm cada vez mais ferramentas de social commerce, o live commerce (intrinsecamente ligado à presença de influenciadores) bombou, marcas como Riachuelo, Renner e Quinto Andar lançaram seus programas de afiliados e o chefão de negócios do Youtube falou que os “Creators são a disrupção do varejo”.
É a TikTokização da internet? Sim! Vídeo curto na vertical é o hit do momento? Com certeza? Mas pra aproveitar essa tendência, queria adicionar uma provocação aqui: o chamado Social Vídeo não é qualquer vídeo postado em redes sociais, é o tipo de vídeo que é criado para gerar conversas sociais. Ou seja, na sua próxima estratégia, tente pensar menos no vídeo apenas como um suporte de conteúdo e mais como uma ferramenta que gera gatilhos de conversa.
Hoje, o Marketing de Influência é tratado como um apêndice, descolado da estratégia geral da marca. Mas o melhor ROI está quando conseguimos integrar influência com os outros canais da marca. Por exemplo: integrar estratégia de mídia com influência, testando como o criativo feito pelos influencers impacta no resultado do anúncio (lembra do dado da Nielsen que eu falei lá em cima?). Ou, usando o influencer como produtor de conteúdo nas redes sociais da marca. Uma pesquisa da Ogilvy mostrou que pra cada canal a mais onde a marca usa o influenciador, o ROI pode aumentar até 30%.
Marcas costumam trabalhar com influencers de forma pontual, criando campanhas que precisam apresentar o produto, envolver e engajar a audiência e gerar conversão com o famoso combo de “um post no feed e três stories”. Os resultados, quando acontecem, também são limitados. Relações de longo prazo com influenciadores são mais eficientes e apresentam, lá no final, um ROI muito melhor. Como fazer isso? Sua marca precisa marcar presença no feed e NA VIDA do influenciador de forma frequente, garantindo que sua marca vai ser top of mind no momento da compra. É menos sobre ver o influencer como um embaixador e mais sobre participar da vida dele, garantindo fidelização e a confiança da audiência.
Apesar do Instagram concentrar a maior parte da grana das marcas, é importante notar o fim da hegemonia dessa rede social. TikTok veio quebrando tudo esse ano, mas a verdade é que outras plataformas de conteúdo são tanto ou mais importantes pra estratégia da marca. Você tá acompanhando o poder das comunidades dos streamers no Twitch? E os podcasts, que oferecem pra marcar um público nichado e fiél? Games também são redes sociais, sabia? E olha que eu nem falei ainda da revolução que o Metaverso vai causar na comunicação das marcas. A internet está cada vez mais descentralizada e sua estratégia precisa seguir o mesmo caminho!
A Pandemia alterou não somente a forma de consumir conteúdo, mas o mercado em si. 38% dos consumidores confiam mais em marcas que têm um casting diverso (Adobe). Diversidade e representatividade serão soberanas. O “novo normal” é consciente socialmente e responsável. A responsabilidade dos influencers — e também das marcas — será essencial no processo de reconstrução de uma sociedade quebrada pela desinformação, principalmente em ano de eleição.
Creator Economy não é sinônimo de Marketing de Influência, na real, é quase o oposto. Não tem marca suficiente para sustentar o tamanho do ecossistema de creators (mais de nove milhões apenas no Instagram brasileiro) e estes não querem mais jogar o “Jogo da Audiência”. Influenciadores se preparam para monetizar pra muito além do #Publi, criando as suas próprias marcas e ganhando dinheiro direto com sua comunidade. Isso vai causar uma mudança no mercado. Esteja preparade. :)
Se quiser se aprofundar mais nessas e outras tendências, pode assistir aqui o evento que fizemos com previsões e apostas para 2022, ou então clique aqui pra baixar o nosso report.
Bom fim de ano! Até 2022. :)
*Bia Granja é cofundadora e CCO da YOUPIX, consultoria de negócios para a influence economy. Bia é a maior especialista em influência digital do país
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