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Bia Granja: com quantos seguidores se faz um influenciador?

Ou por que você está fazendo microinfluência de forma errada, pensando apenas em números

A influência é mesmo um bicho diferente, que precisa ser olhada com outros olhos (Maskot/Getty Images)

A influência é mesmo um bicho diferente, que precisa ser olhada com outros olhos (Maskot/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2021 às 13h50.

Última atualização em 18 de maio de 2021 às 14h01.

Por Bia Granja*

Acabei de sair de uma reunião onde me perguntaram: "Qual é o número mínimo de seguidores para alguém ser considerado influenciador?" Como me fazem muito essa pergunta, achei que seria legal trazer aqui uma resposta.

Para você não dizer que te fiz ler vários parágrafos antes de dar a resposta, já vou dando agora mesmo: pois, que rufem os tambores… A resposta para a pergunta "qual é o número mínimo de seguidores para alguém ser considerado influenciador" é: ISSO NON ECSISTE!

Resposta simples: não existe um número mínimo de seguidores para alguém ser considerado influenciador. Assim como ter muitos seguidores não é sinônimo de influência.

Outro dia recebi um e-mail que me deixou full pistola. Era do assessor de um participante que estava saindo do BBB naquela semana e dizia assim: "Contrate fulano de tal, instrutor de crossfit e agora também digital influencer". Por que "agora"? Só porque ele saiu de um programa de grande audiência ele virou influenciador?

Audiência é sinônimo de influência? Não. Uma pesquisa da Ipsos desmistificou a relação entre FAMA e INFLUÊNCIA, apontando que as personalidades mais conhecidas não são, necessariamente, aquelas capazes de influenciar comportamentos.

A partir de estudos como esses e também dos próprios resultados que as marcas vinham obtendo com influencers de grande alcance, começou a ficar claro que influência era mesmo um bicho diferente e que era preciso olhar para esta disciplina com novas lentes, pensando mais em coisas como conteúdo, relevância e comunidade.

E então surgiu a tendência dos microinfluenciadores que, ao invés de serem analisados por essa ótica da conexão com comunidades e nichos específicos, passaram a ser definidos de novo pelo quê? Sim, ele, o NÚMERO DE SEGUIDORES! "Ah, para a pessoa ser micro ela tem de ter até 100.000 seguidores". Isso é balela.

Quando a gente comprava mídia antes do digital, nós não fazíamos entre os veículos um recorte de MICRO e MACRO veículo. Vou te dar um exemplo, pensa na revista Trip e na revista Veja. Anunciar na capa da Veja era anunciar em um veículo de massa, e estar entre as páginas da Trip era falar ao coração de uma comunidade unida por interesses, valores e paixões bem específicas.

Alguém chamava a Trip de micro-revista? Olha, eu nunca vi essa definição em nenhum lugar! Alguém questionava se a Trip poderia ou não ser considerada uma revista já que ela não tinha "um número xis de leitores"? Não, não questionava. A Trip era uma revista influente e pronto, mesmo que de menor alcance.

O valor de uma revista como a Trip não estava na sua tiragem, mas justamente no poder que só ela tinha de impactar com precisão aquela tchurma que muito provavelmente não estava representada em nenhum outro lugar, muito menos nos veículos de massa.

A influência da Trip, naquele nicho, era MACRO, era gigantesca. E é assim que temos que pensar sobre a influência. Quanto maior for a penetração em um nicho, mais influente a pessoa é.

Quer um exemplo? Um estudo feito pela Airfluencers avaliou que 90% das criadoras de maternidade têm até 30.000 seguidores, ou seja, nesse território super granular, quem tem 100.000 seguidores nesse território pode ser considerada uma super macro influencer.

Já cansei de ver tabela de definição de nano, micro, médio e macro influencer de acordo com número de seguidores. Isso é um erro. Qualquer clusterização de influenciadores por número de seguidores será sempre improdutiva. Marcas que focam muito essa questão acabam tendo pouco retorno e saem por aí reclamando que marketing de influência não traz retorno. E eu te garanto que ele traz muito (inclusive escrevemos um e-book sobre isso, baixe aqui).

A melhor forma de chegar no influencer ideal é definindo bem o objetivo da ação e tendo clareza sobre o território onde você quer se inserir. Uma campanha pode precisar de mais alcance, e para isso é importante olhar para a audiência, mas para que uma pessoa exerça influência sobre outra, ela precisa ser capaz de provocar uma ação.

Um estudo da Influencity de 2020 apontou que hoje já são mais de 9 milhões de influenciadores apenas no Instagram brasileiro, sendo que 99% deles têm até 10.000 seguidores. Você ainda acha que a melhor forma de filtrar essa galera toda é por número de seguidor?

Pois é, eu também não.

*Bia Granja é cofundadora e CCO da Youpix, consultoria de negócios para a influence economy. Bia é a maior especialista em influência digital do país

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