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Beatriz Leite: mês de março empoderando o quê?

O caminho real para o “empoderamento” feminino passa por ações com alguma forma de repasse de renda ou promoção de negócios e empregos para mulheres

Organizações e marcas interessadas em empoderar precisam de ações ao lado de organizações que promovam mudança para mulheres (Compassionate Eye Foundation/Getty Images)

Organizações e marcas interessadas em empoderar precisam de ações ao lado de organizações que promovam mudança para mulheres (Compassionate Eye Foundation/Getty Images)

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Publicado em 15 de março de 2022 às 13h53.

Última atualização em 15 de março de 2022 às 14h22.

Por Beatriz Leite*

Mês das mulheres e pela primeira vez não vemos apenas lives ou flores na agenda das empresas. Ações com alguma forma de repasse de renda ou promoção de negócios e empregos para mulheres pipocam cada vez mais. Fico muito feliz, esse é um caminho real para o “empoderamento” feminino.

Por que é tão importante contar com essas ações que vão além de um evento cheio de falas inspiracionais e que também geram dinheiro no bolso da mulher brasileira?

Em seu livro Empoderamento, Joice Berth nos conta de forma reflexiva e aprofundada algumas dimensões do empoderamento, os quais resumo abaixo em três eixos principais:

  • Individual: tem muito a ver com consciência, autoconfiança e autoestima. É aquele nível que todo mundo associa com “empoderamento”, mas que hoje em dia os movimentos entendem que não podemos mais falar “empodere uma mulher”. Ela empodera a si mesma. De dentro para fora.
  • Econômico: nem só de #girlpower vive a empreendedora. Ela precisa pagar os boletos, comprar mais material e ainda ter o dinheiro para alimentação dos filhos e quem sabe o salão de beleza. Todo mês. Falar de empoderamento apenas pelo viés do “vai mulher, você é capaz” sem oferecer os meios ou facilitar o caminho, é como falar para alguém no deserto que basta força de vontade para fazer chover.
  • Política e mobilização social: a mulher empoderada e com dinheiro move mundos, certo? Sim, ela é capaz de muito, entretanto sem ter poder na estrutura da sociedade dificilmente vai entender o que aconteceu quando congressistas homens barrarem uma lei que transformaria sua situação. Entender que ela pode e deve se mobilizar e que as leis e os governantes afetam diretamente sua vida e negócio, faz parte.

Imagine se não existisse licença-maternidade? E se o SUS não custeasse um papanicolau ou uma laqueadura? Considerando que a maior parte das empreendedoras tem faturamento médio mensal de R$ 2,5 mil conforme pesquisa da RME, entende-se que essas nano, micro e pequenas empreendedoras dependem muito da estrutura social e política, na sua vida pessoal e negócio.

Promover lives e dar descontos ou vouchers para mulheres é bem legal. É um começo ou a ponta do iceberg. Essa mulher precisa de estrutura social, política e econômica para que sua lojinha de bolos não seja apenas um sonho de uma mulher empoderada e endividada.

Contar com organizações sociais como a RME, que oferece além de uma rede de suporte, capacitação, mentoria e recursos para mulheres é imprescindível, porém, uma andorinha não faz verão. Organizações e marcas interessadas em de fato empoderar precisam se unir na causa, e nem precisa de muitas lives no dia 8 de março, mas ações ao lado de organizações que promovam de fato uma mudança para as mulheres.

*Beatriz Leite é gestora de projetos, formada em gestão ambiental pela USP e pós-graduada em gestão de projetos pelo Senac. Atua há quase dez anos em negócios e organizações sociais, nas áreas de longevidade, desenvolvimento local, cultura e empoderamento feminino

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