mulheres no mercado de tecnologia e inovação do Brasil (Luis Alvarez/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de maio de 2021 às 15h20.
Por Flávia Rezende
O abismo entre o que ensina a graduação e o que exige o mercado de trabalho tornou a contratação na área de tecnologia um desafio para as empresas. Com a pandemia e a crescente digitalização de diversos processos, o descompasso entre o número de vagas e a oferta de profissionais qualificados – um problema antigo da área – só aumentou.
Uma recente pesquisa da Fundação Estudar, instituição do terceiro setor que fomenta o desenvolvimento de lideranças, mostrou que a percepção de despreparo é compartilhada pelos candidatos e recém-formados.
Entre as 667 pessoas ouvidas com graduações na área de tecnologia, 76% se mostraram insatisfeitas com o conteúdo aprendido na faculdade e dizem sentir necessidade de desenvolver ou reciclar competências
Por esse motivo, ainda de acordo com o estudo que ouviu 40 empresas de tecnologia, o mercado de trabalho não enxerga mais a formação tradicional ou a pós-graduação da mesma maneira, nem as coloca entre as experiências mais valorizadas. No lugar, ganhou relevância o aprendizado na prática.
Apesar das dificuldades, o cenário é de oportunidade. As maneiras de aprender estão em transformação constante, justamente pela aceleração digital, que abriu inúmeras portas para o conhecimento, além do ensino convencional. A educação self-service, aquela em que a pessoa toma as rédeas da própria aprendizagem com o auxílio de conteúdos variados, muitas vezes disponíveis no Youtube ou plataformas gratuitas, é uma das tendências nesse novo cenário.
Cursos online, de curta duração e com conteúdo específico também já estão entre os mais buscados por aqueles que desejam complementar ou atualizar seus conhecimentos.
Para as empresas, que normalmente exigem grande experiência de seus candidatos, a chave é entender que a maioria é jovem e está aberta a – ou até mesmo em busca de – capacitação. Oferecer formação continuada, cursos livres e voltados para as necessidades pontuais da companhia ou do setor, além de atrair talentos e solucionar demandas, ajudará a posicionar a empresa no mercado tech e a torná-la referência de marca empregadora.
Na mesma pesquisa realizada pela Fundação Estudar, os respondentes apontaram a oferta ou o apoio para qualificação profissional como o principal atrativo para a escolha de um trabalho, antes mesmo de questões salariais ou flexibilidade.
Por mais desafiador que pareça, contribuir com a produção de conteúdo e com a educação para o segmento desponta como uma forma assertiva de atrair e reter os profissionais da tecnologia.
*Flávia Rezende é sócia-diretora da Loures Consultoria
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